ecce blog

Odiamos blogs. Quer dizer, odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos blogs. Também odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos fotologs. Quer dizer, odiamos fotologs. Mas adoramos rir deles! O "ecce blog" foi criado como uma forma de dar vazão a nossos impulsos criativos. Não há tema fixo. Há, sim, um tema a se evitar fixo. Não faremos disso um diário virtual. Sim, besteira é permitida. Falar mal dos outros também. Vamos ver até onde vai...

sexta-feira, janeiro 28, 2005

E você?

Conta Platão que um pastor chamado Giges encontrou um anel e este possuía o poder de torná-lo invisível. A partir disto, Giges que era dono de uma reputação ilibada, deixou se seduzir pelas tentações ofertadas pelo anel, usando para entrar no palácio, seduzir a rainha, matar o rei e manipular o poder em benefício próprio.
Através do Anel de Giges o filósofo grego ilustrou bem aquilo que seria o eterno dilema da moral. A certeza de saber que não está sendo observado provoca no homem a estranha segurança de praticar coisas que jamais praticaríamos com os holofotes nos iluminando. Todos querem o Anel de Giges, todos também afirmam que não fariam como Giges fez. E é neste ponto que a figura do anel se torna ainda mais misterioso, só cada um tem a ciência do que se fará com ele em mãos.
O Anel torna o homem mau ou desvela sua verdadeira face?
Eu queria o Anel de Giges e com certeza muita gente não estaria mais aqui.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Aporia

Somos seres angustiados ou pensantes?

segunda-feira, janeiro 24, 2005

No Big Brother

- Gipsia e Cloécio: preparados?
- Sim, Bial.
- Cloécio, como tá o coração? Batendo forte?
- Tá sim, Bial. A emoção é grande, né?
- Com certeza. Gipsia, se você tivesse que deixar a casa agora, você diria que foi proveitoso?
- Ah, Bial, com certeza! Aprendi muito aqui, viu? Muito...
- E você, Clô?
- Essa vivência me fez crescer como pessoa e tenho certeza que a cada um de nós aqui na casa.
- Bom, então vamos ao resultado. Gipsia?
- Oi, Bial.
- Você chegou aqui na casa discretamente. No início, ficou mais reservada, na sua. Não se envolveu nas brigas, estava sempre tranquila. Agora, que estava se firmando, vem esse paredão, né?
- É sim, Bial.
- Cloécio, você sempre foi o elemento divertido da turma. Sempre brincando com todo mundo, fazendo piadas...
- É o meu jeito, né, Bial?
- Então. Com 50,01% dos votos, Gipsia continua na casa. Cloécio, o jogo acabou pra você. Clô, tem alguma coisa a dizer?
- Tenho sim, Bial.
- Fique à vontade.
- Vai se fuder, Bial!
- Como?
- Vai tomar no meio do seu cu, seu baitola! Minha prima carioca me disse que já te viu com um macho numa boate, seu chupa rôla do caralho!
- ...
- Não vá em Recife não, que quando eu lhe ver na rua, eu vou lhe meter a porra, seu fi da desgraça! Pra tu aprender a virar homem, seu sacana! E tem mais... Não, me solta, me solta! Bial seu fila da...
- Big Brother Brasil 20. Assolan, a marca que mais...

E agora?

Dentre os inúmeros defeitos do brasileiro, está a capacidade de sempre ficar do lado errado. Ou, ao menos, de escolher um lado quando deveria ficar neutro.
Passado o susto inicial do atentado às Torres Gêmeas (na época: "será que vão mandar avião no Cristo Redentor também?"), não faltaram do lado de cá desculpas para o hediondo feito. Afinal de contas, tudo não passou de retaliação aos poderosos donos do mundo, opressores das nações soberanas, os Estados Unidos da América. Não houve uma manifestação pública de repúdio ao ato terrorista no Brasil. Nem contra os atentados na Espanha. Sobraram, no entanto, passeatas e apoio ao bravo líder iraquiano, Saddam Hussein, transformado por nós em herói. Tudo bem que não estávamos sós nessa empreitada e todo o planeta Terra partilhava do mesmo sentimento, mas isso não atenua nossa burrice.
Há poucos dias, um dos 42397123 movimentos-libertadores-sunitas-xiitas-muçulmanos-do-Sudoeste-do-
Iraque-setentrional sequestrou um engenheiro brasileiro. O sujeito trabalhava numa obra de reconstrução do país. Mas até onde nos constava, o ódio iraquiano se restringia aos invasores do país. Nós éramos seus aliados! Estávamos entrincheirados do mesmo lado! Como pode ser?
Só há duas possibilidades: ou nós também somos ricos opressores dos povos ou eles nos odeiam também. Adoraria poder acreditar na primeira opção, mas a simples observação dos fatos obriga-me a seguir com a segunda. A revolta desses grupos não é contra brasileiros ou americanos ou sul-africanos. É contra um modo de vida: o Ocidental. O nosso. Ou alguém realmente acredita que Osama Bin Laden é um pobre coitado superador de grandes dificuldades e porta-voz do povo árabe?
O modismo anti-americano conseguiu diminuir até mesmo um saudável hábito nacional: o ódio aos argentinos. Os vizinhos viraram aliados no combate à águia do mal. Todos do mesmo lado. Tudo bem eles nos considerarem o seu personal USA, boicotarem nossos sapatos e queimarem nossa bandeira. Isso passa, é fruto do desespero da crise. Argentina X Inglaterra na Copa? Dá-lhe Verón!
Também essa semana, o maior argentino de todos os tempos, Diego Armando Maradona, revelou, com toda a empáfia e cinismo peculiar a seu povo, o crime praticado por sua seleção contra a nossa nas quartas-de-final do Mundial de 90. E nós, brasileiros, assistimos a tudo pasmos. Como puderam? Somos hermanos! Vamos contar tudo pra nossa mãe FIFA!
E agora?

sábado, janeiro 22, 2005

Crítica: "Os Sonhadores"

"Não existe amor. Existem provas de amor." Essa declaração de Isabelle, uma das protagonistas, dá o tom da mais nova obra do diretor italiano Bernardo Bertolucci. Contraditório, impulsivo e belo.
A trama gira em torno do encontro entre três jovens, dois gêmeos franceses nascidos siameses, mas de sexos distintos, Isabelle e Theo e um americano, Matthew, na Paris às vésperas da Revolução de 68. O que os une é a paixão pelo cinema. A relação entre os dois irmãos é um tanto quanto doentia para os padrões normais e Matthew é rapidamente sugado para essa realidade, sem, no entanto, ter consciência do absurdo da situação. Isabelle representa o caos, a impulsividade, a mola motora. Theo, a rebeldia; não sem causa, mas sem fundamento. O estrangeiro simboliza a ingenuidade e a razão. Ele, o amor. Eles, a paixão.
O tema do filme é, definitivamente, as contradições e as fragilidades de argumentos das revoluções. Mesmo sem praticamente sair de casa e fazendo muito pouco além de beber os vinhos caros do pai e ver filmes com pouca relação com o momento histórico que vive, Theo se sente um revolucionário. E quando Matthew joga-lhe isso na cara, sua reação é de perplexidade e negação. Não que isso não seja possível. O que o filme mostra é que as Revoluções geralmente não são feitas por quem supostamente precisaria delas. O americano também é responsável por uma forte crítica à Revolução Maoísta. Numa antevisão até óbvia da crueldade do movimento, ele comenta com o amigo que o que lhe assusta nos seguidores do livro vermelho é justamente um dos seus principais baluartes. Não é uma revolução de livros, mas de um livro só. Fortíssimo golpe no desastre do Comunismo.
O relacionamento dos três permanece estagnado conforme o filme (e a vida) evoluem, o que não impede que saiam às ruas na noite em que a Revolução explode, tomados totalmente de surpresa, em mais uma demonstração de contradição. O final é uma vitória do irracional e do sonho impulsivo sobre a coerência chata.
A fotografia é maravilhosa, como em "O Último Imperador", único outro filme de Bertolucci que vi até hoje. A sequência da conversa entre os três e os pais é muito bonita, com a mesa cheia de cores e, mesmo assim, com um tom escuro. "Moça com Brinco de Pérola" chegou a me passar pela cabeça, mas acho que a relação não existe. As atuações são soberbas, principalmente dos dois franceses. O ar dominador de Isabelle chega a ser assutador, em algumas cenas.
Enfim, filmaço. Tem cenas de nudez e sexo quase explícito, o que pode suscitar em alguns a sensação de filme feito para chocar. Não é o caso. São todas muito bem colocadas e bonitas. Grande obra de um grande diretor.

Filme visto no Belas Artes, Belo Horizonte, a 20 de Janeiro de 2005

O bico do peito.

Imaginem só, o país do Carnaval onde a nudez durante a festa não incomoda nem a carola mais fervorosa ordena que se portem decentemente as turistas que vêm despudorosamente para as praias daqui mostrarem os seios. Estranho é que as praias são recheadas de mulheres que mesmo vestidas parecem estar nuas incomodem alguém que se depara com um formoso seio.
Depois de tentar a explicação mais complexa, alcancei a mais simples. O problema gira em torno da exposição ou não do bico. Não interessa se ele é rosinha, marronzinho ou pretinho.
Acompanhem o raciocínio. Se está acontecendo o Carnaval tudo é liberado, caso contrário, fica decretado que:

O povo brasileiro investido do poder que lhe foi atribuído e diante da necessidade e urgência de defesa da moral e dos bons princípios que norteiam o cidadão deste país determina que toda mulher, brasileira ou estrangeira, tem o dever de cobrir ao menos o seu bico do peito, mesmo que só seja ele, e, se possível a área que discrimina sua cor.

É tudo uma questão de Ordem e Progresso.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

A Casa de Gildo.

E fulana de tal? Você comeria?
Assim começava um autêntico tribunal de exceção na antológica Casa de Gildo.
Durante muito tempo ela, a casa de Gildo, foi muito mais que um simples lar, era também o lugar escolhido pelos grandes amigos para uma das grandes aventuras de suas vidas.
Enquanto enfrentavam maratonas de vídeo-game noite adentro, litros e mais litros de refrigerantes eram engolidos numa disputa frenética de quem soltava o maior arroto. Lá, tudo se discutia. Da menina mais feia a mais bonita, da professora mais gostosa, da imensa lista de apelidos de Nadão, do sonho de ser jogador de futebol pelo inesquecível Júbilo.
Dormir na Casa de Gildo sexta-feira para estudar a prova de sábado era lei. Na verdade, lei era ir para lá, estudar era mero pretexto. Como todos sabiam, a sexta de estudo transformava-se numa interminável noite de alegria e de futuras notas regulares.
Não importava. Nenhuma nota dez pagava o que aqueles bons amigos viveram de forma sublime na eterna e reconfortante Casa de Gildo.
Normalmente, alguns deles ainda voltam lá e numa viagem psicodélica vivem de novo o que jamais viverão de novo. Ali era celebrada a festa da vida.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Pursíades

Há três semanas que Pursíades encontrara a Luz. Como pudera ter relutado tanto em participar do tal Encontro? Se tivesse aceitado os convites antes, com certeza que estaria bem melhor. Desde o marcante evento que não fumava mais maconha. Substituíra as tardes em frente à televisão pelos cultos num templo longe de casa. Parara até mesmo de odiar os argentinos.
Ficara bastante frustrado quando um irmão na religião lhe disse que a música que ouvia não era coisa de Deus. Aquelas pessoas gritando e o barulho da guitarra certamente não estavam a louvar o Senhor. Era bom que se desfizesse dos seus discos.
- Mas eu não entendo o que eles falam. É tudo em inglês e tem uns que até são em outras línguas. Gosto muito de uma banda finlandesa, por exemplo. Nem sei que idioma eles falam lá. Desta forma, não estou ofendendo o Senhor de jeito nenhum.
Jogou, sim, um disco fora, que tinha desenhado na capa um demônio cortando a cabeça de uma criança. Mas deste ainda guardou uma música, que era mais lenta e, portanto, deveria falar de amor.
Na primeira vez em que Pursíades falou em montar uma banda para tocar numa festa da Igreja, não conseguiu parceiros. Entendeu o fato perfeitamente. No entanto, por serem os seus argumentos muito plausíveis, acabou por reunir mais quatro jovens para a empreitada.
No dia da apresentação, Pursíades cantou com um entusiasmo inédito e se esforçando ao máximo para imitar o que diziam as músicas que escolhera cuidadosamente para a ocasião. Urrava loucamente, o que assustou bastante os mais velhos, no início. Mas, quando, depois da primeira canção, berrou que Jesus era o Senhor, todos compreenderam que era muito bonito o que estava fazendo e que tinha realmente muito talento. E o aplaudiram e se admiraram bastante com as transformações operadas por Cristo na vida do rapaz.

Idealismo e Realidade versus Cristianismo: Incoerência ou Crueldade?

O embate entre o real e o ideal não é coisa nova. A noção do que vem a ser ideal requer, a priori, o conhecimento e a vivência da realidade. O ponto crucial dessa querela vem à tona quando se tem o “real” representando o mal, e, por sua vez, o “ideal” a personificação do bem.
É fato a influência do cristianismo sob o mundo ocidental, não só a influência, mas as bases mais sólidas que ergueram a civilização e o modo de pensar, agir e sentir do ocidente estão respaldados na doutrina cristã. Hulmidade, perdão, fraternidade, amor ao próximo, caridade, honestidade são conceitos arduamente ensinados nas escolas, igrejas, enfim toda instituição que se destine ao controle social.
A percepção de que esses conceitos, embora massificados, não se apresentam como realidade é de fácil constatação, logo os mais apressados concluem que o núcleo social ideal seria aquele onde estes pilares fossem plenamente consagrados. Notem a relação intrínseca entre realidade, idealismo e cristianismo.
Mas como é possível entender uma sociedade de cristãos que vai todo domingo à missa ou ao culto, brada aos quatro ventos os desígnios do senhor e recrimina as diferenças, ser tão cruel. Operando um corte, temos certeza que a tortura ainda não findou no Brasil, aliás muitas vezes ela é praticada as nossas vistas, somos um país de torturadores e todos fingem que nada sabem. Os conceitos de perdão e fraternidade são esquecidos corriqueiramente, embora o dedo indicador diariamente se levante e cumpra sua função.
Asseveram muitos. “A natureza do homem é ser incoerente”. Eu me apodero do conceito de honestidade para complementar que a partir do momento que se toma consciência da atitude incoerente, permanecer é ser desonesto e mau caráter. A fuga das responsabilidades que se assumem ao tornar-se cristão não encontra respaldo no escudo argumentativo da incoerência.
Nessa dialética da complementaridade entre o real e ideal o homem vai encontrando justificativas para cometer suas atrocidades, vai se fazendo de surdo e desentendido.
Então sob a égide do cristianismo foi construída essa conclusão; a realidade, um lugar ruim, o ideal um topos bom.
Sinceramente, eu não tenho certeza do que é certo ou errado, ideal ou real, acredito ser impossível encontrar tais respostas. Ma já que estamos aqui vivamos em paz com o sádico Deus e esperemos para queimar nas profundezas do inferno.

Crítica: "Edukators"

Aparentemente, nada mais anacrônico que idealismos. Numa época em que todos pensam que tudo já foi feito, pensamentos e atitudes socialmente revolucionárias parecem destinados ao escárnio. Este filme alemão prova que outro mundo é possível. Se não para as utopias, ao menos para a visão que se tem delas.
Os Educadores. Esse é o nome do movimento anarquista fundado e exclusivamente integrado por Jan e Peter, amigos de longa data. Os dois rapazes invadem mansões, bagunçam totalmente os móveis e deixam mensagens do tipo "Você tem dinheiro demais" ao dono. Nunca roubam nem machucam ninguém. Pretendem, com isso, gerar uma sensação de insegurança nos magnatas, que julgam responsáveis por todos os males da Humanidade. Durante uma viagem de Peter, sua namorada, Jule, e Jan invadem a casa de um antigo credor da garota, que esquece seu celular no interior do gigantesco imóvel. Ao perceber o ocorrido, os dois voltam ao local, mas acabam encontrando o dono, voltando de uma viagem. A única saída para os dois (e para Peter, que também se envolve no ocorrido) é sequestrar o velho, fugindo com ele para uma casa nas montanhas, pertencente a um parente de Jule. É quando o filme começa de verdade.
Como não pretendem causar nenhum dano a Hardenberg, os três começam a se envolver com o executivo. O relacionamento entre os jovens e o velho evolui gradativamente da hostilidade até a incompleta integração deste.
O conflito entre os dois universos é explorado de forma magistral pelo diretor Hans Weingartner, até então desconhecido para mim. O que tinha tudo para ser tratado de forma simplória e idiotizante, resulta em passagens memoráveis. Não que as discussões sejam produtivas ou cheguem a alguma conclusão irrefutável. Os argumentos fracos e velhos continuam lá. De um lado, "as crianças do Sudeste asiático, que trabalham praticamente como escravas, para que pessoas como você tenham carros de centenas de milhares de euros". De outro, "um sistema que dá oportunidades iguais para todos e que premia aqueles que mais se esforçam". Para cada "você poderia tirar a fome de mil pessoas nesse exato momento", há um "eu paguei por tudo o que tenho". E, como na vida real, o debate não avança, simplesmente porque não deveria nem começar.
Sem, em nenhum momento, apelar para fáceis ironias, o filme mostra os dois grupos gradualmente percebendo que há muito mais no outro do que poderiam imaginar. O momento em que Hardenberg revela que foi líder de um grupo revolucionário em 68 parece ser a pá de cal nos idealismos dos jovens (re) educadores. Aquele parece ser também o destino não só dos três, como de todos os revolucionários. Mas o próprio executivo vai, aos poucos, respeitando os pensamentos dos outros e percebendo que eles estão muito mais certos do que queria fazer crer.
O triângulo amoroso (sempre ele!) entre os jovens faz-se valer, nem que seja por um momento. A cena da reconciliação entre Jan e Peter é estranhamente profunda, no que pese a banalidade dos atos dos dois. Sem usar de recursos como trilha sonora apelativa ou palavras sentimentalóides, conseguiu-se criar um momento marcante no filme. Legal mesmo!
O final não teve em mim o impacto desejado pelo diretor. Acredito que a história tenha, num determinado momento, tomado um rumo diferente do imaginado e o modo como o filme encerra seja uma forma de corrigir um pouco isso. Ou não. O fato é que o filme já tinha assentado na minha cabeça e a reviravolta curta, mas total, das últimas cenas, simplesmente não mudou minhas idéias.
Confesso que não entendi o porquê do título da versão em português, simples transcrição do inglês, que, por sua vez, não é tradução do original. Já que, em nenhum momento, aparece o nome edukators (mas sim, o provável equivalente em alemão), porque não colocaram "Os Educadores"? Ou, se a intenção era causar algum impacto fonético, "Os Edukadores"? Na verdade, acho que títulos de filmes não deveriam ser traduzidos, assim como não o são os nomes de discos e músicas em outras línguas. Mas isso é assunto para outra ocasião...
Desconfio de que o fato de um dos atores principais (Daniel Bruhl, que interpreta Jan) ser também o protagonista do outro grande sucesso recente do cinema alemão, "Adeus, Lênin", não seja exatamente um bom sinal. Mas, a julgar pela qualidade destes dois blockbusters, o país é hoje um dos melhores centros de produção da sétima arte, fazendo jus a toda sua história. Espero mais oportunidades para assistir filmes de menor sucesso comercial. Enquanto aplaudo de pé o que vi até agora.


Filme visto no Belas Artes, Belo Horizonte, a 18 de Janeiro de 2005

terça-feira, janeiro 18, 2005

A volta da loucura.

Onde está a loucura?
Alguns balbuciam por aí que ela já não mais existe.
Outras pessoas disseram que ela estava acompanhada com sete loucos viajando para ao norte, todos ébrios.
Os loucos que restaram afirmam que ela aparece para eles, mas ninguém vê.
Será que essa nova ordem não admite mais a loucura? Loucura e não besteira. Será que o louco caducou em ser racional e assassinou a loucura?
Dizem que se ela foi, ela volta.
Eu já sei o que vou fazer. Reunir os bons amigos e esperar.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Humilde Contribuição

Seguem algumas frases prontas para serem usadas em comentários para fotologs. Basta copiar a sentença desejada (ou qualquer outra, afinal, todas dizem a mesma coisa) e colar. Simples assim!

- lindona a foto
bjoS
;*

- ah q fofo!eheh
dorei!!
bjns!

- ki lindass
tah muito linda a foto
bzaum

- bemmmm lindaw
=**
hih
ameii!
nha
bjaum sua linda

- liiiiiiiiiinda
;**

- amei teu log, ja ta add... ve se me add ai tambem...

- Muito style a foteeenha :D

Tenha uma boa semana meninaaaaaaaaaaaaa

Smackkkkkkkkk`s

- Passei p deixar um oieeeeeeeeeee. Fotinha está lindona...
Beijinhos

- nhá,,,, mil foteenhas!!!!
xP

sábado, janeiro 15, 2005

Lua e a alma Nordestina.

“....coisa que pra mode ver, um cristão tem que andar a pé...”

Poucas pessoas conseguem transmitir alguma coisa como o “velho lua” fazia e ainda faz. Ele, Luiz Gonzaga, era a própria encarnação de suas canções; com aquele imenso sorriso sincero inundava a alma daqueles que o acompanhavam de algum modo.
Conquistou espaço onde não havia para ele e sua música, invadiu as rádios do sudeste e mostrou de forma autêntica sua arte, sempre trajado como um cangaceiro tomou de assalto a parcela que ainda não haviam dado a ele e sua gente.
Genial, embora iletrado, sua mensagem representava o fiel retrato do nordestino e de sua peleja. Mais do que isso, forjou a identidade musical do nordeste brasileiro desenhando e cantando as paixões desse povo forte.

Não que eu seja cristão e nem queira andar a pé!

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Crítica: "Para Sempre Lilya"

Gosto bastante do cinema nórdico. Normalmente (pelo pouco que o conheço) são histórias enclausurantes, onde os personagens estão totalmente sem saída em relação a alguma situação.
De repente, não mais que de repente, uma ou outra cena de catarse, para posterior volta à estagnação sufocante. E esse filme sueco não foge à regra.
A Lilya do título é uma menina de 16 anos que vive na Rússia, onde a vida parece se arrastar de forma nada interessante. Assim, a perspectiva de se mudar para os Estados Unidos com a mãe e o namorado desta parece a saída para todos os problemas da vida. Quando a mãe lhe avisa que ela ficará em casa e só irá depois, a frustração é, portanto, ainda maior. Largada à própria sorte num mundo frio e mau (mesmo!), Lilya passa a comer o pão que o Diabo amassou. Seus únicos momentos de alegria vêm do contato com Volodya, o amigo alguns anos mais novo. Como o menino também tem uma família desajustada, os dois passam a viver quase que juntos no "apartamento" da adolescente, cheirando cola e sonhando com dias melhores.
"Para Sempre Lilya" leva o conceito de cinema massacrante às últimas consequências. Não é dado à garota, em praticamente nenhum momento, um fio de esperança que seja. A vida para a protagonista fica, a cada dia que passa, um fardo maior e mais pesado. Tipo o anel do Frodo. E o espectador é irremediavelmente levado pela angústia da falta de possibilidades, quase a ponto de gritar "chega". Costumo gostar de filmes assim, mas desconfio que a técnica de deixar o público tão agoniado a ponto de ficar cego para quaisquer outras coisas tem alguns poréns graves.
No caso desse filme, achei a abordagem de um dos principais pontos, a amizade entre os dois meninos, um pouco fraca. Em alguns momentos, as cenas dos dois juntos chegam a irritar, simplesmente porque tiram o foco da via crucis de Lilya. E o que era para ser tema principal, vira mera alegoria.
A comparação com "Corações Livres", filme dinamarquês com a grife Dogma 95, me foi instantânea, até porque vi este outro não faz muito tempo. É óbvio que os sofrimentos são diferentes, inclusive em intensidade, mas o clima de desesperança e sufoco é o mesmo. No entanto, o dinamarquês me pareceu simplesmente muito mais filme. Desde as atuações até a direção.
Há no filme uma cena que me agradou muito. Logo no início, quando Lilya percebe que vai mesmo ficar sozinha e corre desesperada para impedir a ida da mãe. Súbita, forte e rápida, como o atropelamento de "Corações Livres". Esta última aliás, proporcionou-me a sensação mais arrebatadora até hoje numa sala de cinema.
Enfim, bom filme, mas nada muito impressionante. Boa forma de começar o ano. Que ainda pode, e deve, ficar melhor.

Filme visto no Belas Artes, Belo Horizonte, a 13 de Janeiro de 2005

Pedra Pome.

Eu queria ser uma pedra pome. Ela tem força de provocar duas reações. Imagine você andando na rua e alguém lhe grita: - Vou quebrar sua cabeça com uma pedrada. Com certeza é passível de acontecer, basta o algoz acertar a dita pedra no local e pimba! Por isso, primeiramente, vem o medo ou até mesmo coragem de enfrentar. Mas voltemos a imaginar. Então o Carcará apanha o primeiro artifício rochoso em sua frente e faz menção de arremessar, logo ele e seu desafeto percebem que se tratava de uma pedra sim, mas era uma pedra pome. Seguidamente o medo transformasse em alívio e a coragem em sarcasmo. É esse motivo que me leva querer ser uma pedra pome, pois duas reações são sempre melhores que uma.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Da incoerência

Costumo gostar das coisas que não entendo
E eu juro que não entendo isso
Mas gosto muito!

Sem Tom.

Dez anos se passaram que Tom Jobim morreu. Pouco interessa! O Big Brother Brasil 5 acabou de começar e lá vamos nós, querendo ou não, acompanhar por mais três meses quem vai comer quem.
Nesses dez anos sem Tom Jobim, muita coisa mudou.
De lá para cá perdemos uma copa, ganhamos uma copa e somos penta, eu e meus amigos passamos no vestibular, as torres gêmeas caíram, Bush invadiu o Iraque, Fernando Henrique se reelegeu, Lula virou presidente e o “É o Tchan” completou dez anos.
Mas o que importa? Antes mesmo de Tom Jobim morrer já estávamos em mau tom. Um tom desafinado, um tom fosco...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Reminiscências

E as provas de Ditado do primário? Nos era dada, normalmente com um dia de antecedência, uma lista de palavras para estudarmos. Estas eram, então, faladas em voz alta pela professora, uma por vez . Cabia a nós escrevê-las corretamente.
Porque não nos mandavam escrever todas de uma vez?
Acaso queriam saber se éramos surdos?

domingo, janeiro 09, 2005

Carta ao Povo Brasileiro

Não sei se sei escrever. Mas sei que gosto. O Luiz Fernando Veríssimo falou outro dia que não gostava de escrever, gostava de ver o texto já pronto. Eu sou o contrário. Gosto de escrever, mas raramente releio o que escrevo, acho que por vergonha mesmo.
A descrição lá em cima já diz isso, mas a intenção desse blog é nenhuma, a princípio. Queremos escrever sobre o que vier nas nossas cabeças, da forma que a elas aprouver. Críticas, piadas, poemas, contos; enfim, tudo é válido. Diferentemente da maioria (totalidade?) dos blogs, queremos escrever direito! Sim, gramática, ortografia e sintaxe são importantes! Imagino, porém, que licenças poéticas sejam bem-vindas, às vezes. Coisas do tipo: "esse blogxxxx rockxx"... podem ser boas (e serão) para ilustrar determinadas situações.
Bom, isso foi só um post inaugural. Uma espécie de Carta de Intenções. Assim, depois podem me cobrar se eu não cumprir com minhas promessas. Acho que boas coisas virão, principalmente do meu grande amigo e fiel companheiro. É esperar pra ver. Ou não...

Seria mais fácil fazer como tudo faz?

Todo final depende do começo.Começar alguma coisa sempre é doloroso, ultrapassar aquela tênue linha que separa o início do prosseguir se apresenta como uma barreira, na maioria das vezes. A verdade é que sempre estamos começando, mas poucos se apercebem disso e acham melhor sempre prosseguir com a mesma camisa limpa.
Eu ouvi o Humberto Gessinger falar que ele demorava entender o que queria falar com suas canções. Justamente, não sei o que quero fazer ou falar com esse blog, sei que um dos motivos é por pura raiva das milhares besteiras diárias dos outros blogs e fotologs. Apenas quero começar e depois se puder, entender.
Não tenho vício de ser feliz.
Tenho uma poodle, mas não vou mostrar sua foto.