Fabulosamente visceral
“Entre
brigar e bater o pênalti, eu prefiro ajudar na briga.”
São
Paulo x River Plate, Sulamericana de 2003
Luís
Fabiano
Recentemente,
a imprensa esportiva noticiou o interesse do Flamengo em contar com
Luís Fabiano, um dos ídolos da Nação São Paulina. Pouco tempo
depois, o artilheiro publicou na rede uma foto sua beijando o manto
tricolor com os seguintes dizeres: “A vida me fez São Paulo. E eu
fiz do São Paulo a minha vida.”
A relação
de um jogador com um clube ou sua torcida, às vezes, é explicada de
modo simples. Outras não. Como explicar a relação de Luís Fabiano
com a Torcida do São Paulo? Seriam apenas os gols? O fato de já ter
se tornado o terceiro maior artilheiro da história do Clube? De ter
feito questão de voltar para o Time que lhe deu projeção? Ou suas
inúmeras expulsões, brigas, suspensões?
Reducionista
ou não, a torcida do Tricolor é tida, em sua maioria, por uma
torcida elitista, “certinha”, de “coxinhas”, zona sul de São
Paulo. Apesar de não concordar, nem discordar desses conceitos,
afinal em todas torcidas há de tudo um pouco, reconheço uma certa
verdade neles.
Mas, e o
Fabuloso, nosso herói errante, brigador, cambaleante, onde se
encaixaria na paixão da nossa tão “reta” torcida? A resposta
está no fato de que Luís Fabiano é aquilo que o torcedor são
paulino queria ser. Ele é o ponto fora da curva. O artilheiro
incontrolável ou controlado por suas emoções. O cara que prefere
ajudar os companheiros na briga a bater o pênalti. O atacante que
comete erros porque simplesmente é humano. O jogador inúmeras vezes
perdoado porque é são paulino acima de tudo. O “favela”, como
carinhosamente é chamado por parte da Torcida.
Recorrendo
aos conceitos de psicologia, para Carl Jung, Luís Fabiano seria
nossa “sombra”, nossa parte animalesca, oculta e que tentamos
esconder, mas também responsável pela espontaneidade, pela
criatividade, pelo insight e emoção profunda,
características necessárias ao pleno desenvolvimento humano, e numa
de suas nuances, do próprio torcedor.
Luís
Fabiano é patrimônio tricolor e ninguém pode negar isso.
Certa
feita, Romário disse que Ronaldinho Gaúcho era o último dos
românticos, eu que não sou ninguém gosto de pensar em Luís
Fabiano como nosso eterno visceral. E se não fosse assim, não seria
ele, não seríamos nós.
Robson
Miranda Argolo é ilheense, baiano e são-paulino, não
necessariamente nessa ordem.
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