Acima meu ódio

Acima do meu ódio, a praxis incontrolável da minha fúria,
vai contra o muro, com velocidade total.
Quebra todo o corpo ou quebra o concreto do muro com a intensidade abstrata da vida.

A fábula do mendigo

É certeira. Um mendigo chega às portas de sua casa e pede um pouco de comida ou vestimentas. Você nega de imediato, mas... E se fosse Jesus lhe testando? Se fosse o próprio Salvador disfarçado querendo testar sua cristandade? Então, por via das dúvidas, você se rende ao assistencialismo e oferta ao mendigo aquilo que ele pedira, para assegurar seu canto no céu.
Na semana santa, o apelo é maior. Jesus que não tem o que fazer, desce a terra, para fazer esse tipo de coisa, e logo, justamente com você. O pior. Podia ser ele mesmo. Vai saber.
Só um mendigo pode ter inventado esta fábula. É o tipo de teoria que não se prova e não se nega. É fantástica.
Eu mesmo, depois de negar, achei melhor voltar atrás. Afinal o mendigo que me pediu era Hippie, tinha olhos azuis, cabelo e barba grande. Achei melhor não arriscar.

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Vendo felicidade. Cinquenta mil reais à vista.

O rico e o mendigo

O homem rico, muito rico, caminhava pela cidade quando avistou um mendigo. O óbvio contraste entre as figuras o deteve, a observar o outro, que, entretido com seu far niente, nem notava sua existência. Encantado com a paz de espírito do pobre homem, o rico o indagou:
- Caro amigo mendigo, sou um homem rico. Tenho tudo o que sempre imaginei querer. Casas e carros, os possuo aos montes, aqui e em terras estrangeiras. Conheço todo o mundo. Constituí uma família maravilhosa, onde não falta o amor. No entanto, não me sinto feliz! Busco todos os dias esta glória, em vão. Oh, nobre concidadão, como fazes vós, que não tens nada, para irradiar esta sabedoria e esta calma, frente às adversidades que assolam muita mais a vossa vida que a minha? Ensina-me, te rogo, o caminho para a felicidade.
O mendigo ergueu os olhos lentamente, fitou o rico nos olhos e proclamou, do alto de sua sabedoria:
- Ah, vá se fuder...
E, erguendo-se ofendido sobre as pernas, desapareceu na manhã ensolarada.

Ferreirinha, o "hominho"

Naquele dia Ferreirinha acordou assustado, tentou se livrar das cobertas rapidamente, como que tentando as esconder.
Não conseguiu, sendo abordado pela sua mãe: - O que é isso Ferreirinha? Você já tem oito anos, não pode ficar mijando na cama. Você é um hominho! Passa para o banho!
No banho, o garoto se pôs a refletir e ao sentar na mesa para tomar o café da manhã falou: - É minha mãe, pensei sobre o que a Senhora falou, eu quero que você me dê a parte da minha herança, que vou adiantar minha vida.

Io ho paura

Cesare Lombroso não estava totalmente certo. Apesar de em muitas vezes a figura do criminoso, encaixar-se perfeitamente na descrição lombrosiana, esta não é a regra.
Suzane Richthofen contraria essa regra. Ela é a sociopata nata, a própria encarnação da mente criminosa em seu mais alto grau de perversidade.
Há quem defenda a influência dos perrapados da família Cravinho, eu defendo a influência dela sobre os perrapados. Foi ela quem arquitetou a morte, quem está brigando na justiça pela herança dos seus genitores, quem quer o seguro de vida dos pais mortos.
Regina Duarte cairia como uma luva nessa situação com a sua célebre frase: " Eu tenho medo."
Completando: Eu tenho medo de Suzane Von Richthofen.

Fácil decisão

Morreu.
Às portas do Céu, esperava-lhe São Pedro:
- Meu filho, por suas boas ações em vida, dar-te-emos escolher onde ficar. Há algo que queira saber?
Sim:
- Onde está Renato Russo?
Consultou São Pedro os registros:
- Está aqui conosco, meu filho.
Decidiu-se:
- Posso descer hoje mesmo?

Lições

Na saula de aula, um dos meninos delata seu coleguinha em tom de denúncia:
- Tia, ele me chamou de olheirudo!
A Tia muito sábia, repreende seus alunos sobre esse tipo de atitude e retruca:
- Aqui, ninguém pode falar de ninguém, todo mundo é feio.
Um dos alunos, entendendo o espírito da coisa, arremata:
- Até mesmo a Senhora, né tia!
Prontamente a resposta veio:
- Eu não. Vocês!

Nadão e o amigo oculto

Dia de entrega dos presentes de amigo oculto, às vésperas do Vestibular. O ano era 2001.
- Meu amigo oculto é alto, moreno e gosta de jogar bola.
- Nadão!!!!!!
- Meu amigo é loiro de olho claro. Ele é gaúcho.
- Vá lá, Nadão!!!!
- Ele é gordinho de cabelo enrolado e todo mundo gosta de abusar ele.
- Aê, Nadão!!!
- Minha amiga oculta é...
- Nadããããããããããããão!!!!
- Meu amigo é o menino mais inteligente da...
- Dadóóóóóóóóóón!!!!!
- Ele é muito calado e...
- Aê, Nadão, uhu!!!!!!!
- Meu amigo oculto é muito sonso...
- Nadãããããããããããão, seu sacana!!!!
- Eu vou virar mandando, viu? Porra!
Todos se calaram. Por dentro, nos estômagos, risadas histéricas ecoavam.