Gleyber: “ O mistério do planeta”

“Vou mostrando como sou e vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo... participo sendo o mistério do planeta.”

Novos Baianos

Não sei precisar precisar o mês, mas o ano era 2006 e estavámos no meado do curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz. Muitos amigos já haviam sido feitos e as relações eram mais sólidas e fraternas.

Lembro com muito orgulho da minha aprovação no estágio jurídico do Ministério Público Federal, alegria ainda maior quando soube também da aprovação de um meus grandes amigos, Gleyber, que dali em diante, partilharia, além das salas do Pavilhão Jurídico da Universidade, minhas horas de estágio com ele.

No MPF, junto de Ed e Fernandinho, eu(Rubão - apelidado assim por Fernando) e Gleyber formamos o "Quadrado Mágico" e sem dúvidas, essa é uma das melhores lembranças que tenho daquela época. Foi nesse período que minha amizade e admiração por Gleyber fortaleceram-se mais ainda e "Binho" se mostrou um cara ímpar, despido de vaidades, dotado de franqueza, imperfeito como é de todo ser humano, sem teatros, se descobrindo da forma visceral e corajosa que só os grandes homens tem. Sem maniqueísmo, indo além do bem e do mal, não fugia de uma boa briga e discussão, pelo contrário, sempre gostou de uma boa polêmica. Criticava e se auto-criticava, sempre emitindo sua opinião, Gleyber não claudicava.

Lá no MPF, criamos, além do "quadrado mágico", o "Dedo de Deus", a "sexta esculhambada", tramamos moções de repúdio, textos apócrifos, falamos bem e mal dos outros, íamos além de estudantes das letras frias da lei, aprendemos que ser humano é ser homem na mais completa e inatingível noção do que seja humanidade.

O estágio acabou, nós nos formamos e nossas vidas seguiram como sempre acontece. Conquistamos nossos espaços, muita coisas ainda por fazer e contar, mas dessas coisas que a gente não entende e nem vai entender, numa dessas esquinas e curvas da vida clichê e sem noção, Gleyber se foi sem avisar "de repente, não mais que de repente, fez-se do amigo próximo distante...", de repente não mais que de repente, não tem mais quadrado e a mágica acabou.

Essa é a minha homenagem ao meu amigo Gleyber e a todos os meus amigos que cultivei na UESC.

Um grande abraço meu amigo!