O homem do guarda-chuva
Já era fim de mês, por isso seu salário já tinha acabado há muito tempo. Retirou da intocável poupança uma modesta quantia. Remoeu esse fato por muito tempo, mas, com certeza, valeria a pena.
No dia, ficou mais engomado do que o normal. Encaminhou-se ao camelô escolhido após a pesquisa de preço e adquiriu seu precioso guarda-chuva. Foi ao trabalho e apresentou o artefato para seus colegas de profissão.
Aguardou ansioso pelo dia chuvoso. Jamais esqueceu de levá-lo para onde fosse. Testou várias vezes no chuveiro de sua casa.
Os dias passavam e nem uma gota d’água foi ao chão. Seu entusiasmo virou cansaço.
Acordou naquele que parecia ser como os tantos outros dias. Realizou sua refeição matutina, arrumou-se como de costume e ameaçou levar o guarda-chuva. Desistiu.
Ao chegar à esquina, o tempo fechou, nuvens, ninguém sabe de onde, cobriam os céus e começaram a despejar suas lágrimas.
Arnaldo correu como um menino. Voltou à sua residência, apanhou o seu guarda-chuva e pôs-se a andar a caminho do trabalho. Passava entre as pessoas com um largo sorriso no rosto, ninguém entendia que agora ele fazia parte de um seleto grupo. Era um privilegiado.