ecce blog

Odiamos blogs. Quer dizer, odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos blogs. Também odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos fotologs. Quer dizer, odiamos fotologs. Mas adoramos rir deles! O "ecce blog" foi criado como uma forma de dar vazão a nossos impulsos criativos. Não há tema fixo. Há, sim, um tema a se evitar fixo. Não faremos disso um diário virtual. Sim, besteira é permitida. Falar mal dos outros também. Vamos ver até onde vai...

sexta-feira, setembro 23, 2005

Do radicalismo

Todo amor e todo ódio são simplificações reducionistas. É assim que tem que ser e é assim que é.

Da obsolência

Eu prefiro ter aquela velha opinião formada sobre tudo que ficar repetindo verso

quinta-feira, setembro 22, 2005

Anotações do diário de Cleide



Cidadela, 21 de setembro, 2005

Todos imaginaram que eu estava me referindo a estação do primor, a Primavera, por isso não entenderam minha face cheia de desânimo. Mal podiam compreender que naquele dia ela chegaria; esquálida, sem cores, com uma simpatia destetável, sem qualquer tipo de emoções, ela sim, a odiosa prima Vera que estava chegando para passar a primavera comigo durante toda a estação.

quinta-feira, setembro 15, 2005

6 vidas

1º Ato
Para mim o dia já havia acabado. Obtive na Universidade meu pior resultado, discuti com meu pseudo-professor, voltava para casa furioso. Peguei o ônibus e nos 45 minutos de viagem, maquinava os recurso que impetraria contra a correção do....
Fiz o que não era de costume. Parei no Terminal por volta das 23:00. Só deu tempo para caminhar uns 200 metros e o meu celular tocar alertando um meliante que passava. Ele fez o que lhe era de costume, sacou sua arma, um arma de fogo calibre 38 ou vulgarmente denominado OITÃO, caminhou em minha direção encostando o cano em minha barriga e roubou os meus pertences.
A distância espacial entre eu e o bandido era uma pistola, a distância de nossas idéias era fantástica. Ele, ameaçava ceifar minha vida querendo mais do que tinha, eu, querendo ficar vivo, não pensava em nada. Foi embora, levou meu único patrimônio e me deixou uma desconfortante sensação de impotência.
2º Ato
Depois do acontecido, fui para casa "meio zumbi", pensando na violência que tinha sofrido. Entretanto, meu dia ainda não acabara, cheguei em minha rua e vi muitos pessoas aglomeradas, polícia e tudo mais, descobri que minha vizinha havia se suicidado. Deixou um bilhete dizendo que essa vida não mais lhe interessava.
3º Ato
Enquanto ela exercia seu legítimo direito de morte, eu, litigava com o transgressor pelo meu direito de vida. Enquanto ela quis partir desta para uma melhor, eu, quis ficar, e, talvez, esperar pelo pior.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Extra! Extra!

Seu coração acelerou quando o ônibus encostou. Era a primeira vez que iria fazer aquilo. Com certeza não seria a última, nem havia sentido que fosse. Aliás, esta provavelmente seria sua rotina por mais alguns bons dias.
Resignou-se. A vida era assim mesmo.
Entrou no ônibus. Falou ao ouvido do motorista. Obteve a autorização.
Parou em frente à roleta, sem rodá-la:
- Boa tarde para todos vocês!
Silêncio.
- Boa tarde, pessoal!
Algumas respostas murchas e de péssima vontade.
- Meu nome é Clarindo. Desculpe incomodar a viagem de todos vocês. Eu poderia estar pedindo... - lembrou-se que estava pedindo. Quer dizer, eu poderia estar roubando ou até mesmo matando, mas eu estou aqui honestamente pedindo a ajuda de todos vocês. Para mim é uma grande vergonha estar implorando pela ajuda de todos vocês, mas se estou fazendo isso é porque não tenho condições. Quero passear na Europa daqui a seis meses, mas só tenho metade do dinheiro. Para todos aqueles que puderem me ajudar com qualquer quantia ou até mesmo um vale transporte, que Deus abençoe. Para aqueles que não puderem, que Deus abençoe da mesma forma. Uma boa viagem para todos vocês.
Correu os olhos esperançosos pelas cadeiras. Nem um esboço de reação.
- Ninguém?
Ninguém.
Desceu no primeiro ponto, desolado.
Na semana seguinte os jornais noticiavam:
"Agência bancária assaltada
Quantia de apenas R$2000 intriga a polícia"
Ninguém além de Clarindo jamais soube se ele teve algum envolvimento no caso.