ecce blog

Odiamos blogs. Quer dizer, odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos blogs. Também odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos fotologs. Quer dizer, odiamos fotologs. Mas adoramos rir deles! O "ecce blog" foi criado como uma forma de dar vazão a nossos impulsos criativos. Não há tema fixo. Há, sim, um tema a se evitar fixo. Não faremos disso um diário virtual. Sim, besteira é permitida. Falar mal dos outros também. Vamos ver até onde vai...

quinta-feira, setembro 27, 2007

Os 7 Mitos do Futebol: O Mito do Futebol Feminino

Em minhas andanças pelo mundo, tenho escutado e lido incontáveis besteiras. No que tange ao jogo do futebol, porém, tais sandices se multiplicam, propagadas por pessoas sem o completo entendimento da matéria. Nesta série de artigos inéditos, desmistificarei, de forma sucinta, os 7 Grandes Mitos do Futebol. Espero, com tal empreitada, empreendida do alto de mais de duas décadas de dedicação aos estudos e à vivência do esporte, levar mais conhecimento aos leigos no assunto, tornando-me reconhecido como uma das maiores referências no tema.

Mito Número 3: O Mito do Futebol Feminino
Não poderia escrever sobre este mito em momento melhor. Hoje à tarde, com um show da camisa 10 Marta, a seleção brasileira goleou a americana e avançou à final da Copa do Mundo de Futebol Feminino. O país não parará para ver a final. O país não parará na volta do time, caso seja campeão. O país não sentirá uma eventual derrota. Afora risadas provocadas por um flamenguista gracista pedindo Cristiane no lugar de Renato Augusto, este jogo, este campeonato, esta seleção não afetará em nada a vida de ninguém.
Mas o que poderia ser mais um sintoma da suposta síndrome de vira-lata brasileira, nada mais é do que um reflexo da justa indiferença que esta modalidade esportiva desperta. O futebol feminino nada mais é do que um produto menor da ilusão feminista de que homens e mulheres são igualmente capazes das mesmas coisas.
Para entender o motivo da falta de interesse, é necessário compreender que futebol feminino não é futebol. Não é como natação feminina, que é a natação praticada por mulheres. É um outro esporte. O futebol feminino. Exemplificando melhor, pode-se dizer que crianças de até 7 anos com leves problemas mentais e um poste servindo de goleiro possam praticar algo parecido com futebol feminino. Mas mulheres não conseguem jogar futebol.
A falta de aptidão para a prática do futebol está inscrita no DNA feminino. Por mais que tentem, Pretinha e Marta não podem chegar ao nível sequer de um Obina, quanto mais sonhar em Ronaldinho Gaúcho ou Zidane. E a maior prova disso está nas goleiras. É um espetáculo deprimente observar as pobres moças de rabo-de-cavalo não conseguindo se esticar nem 20 cm para alcançar uma bola no canto.
O futebol feminino pode continuar existindo numa sociedade democrática. No entanto, é necessário que seja compreendido mais como um estranho passa-tempo-para-toda-a-família que como um esporte de massa, motivador de qualquer paixão, principalmente para que não se criem falsas expectativas e chatíssimas choradeiras do tipo "mas infelizmente o Brasil não apóia o futebol feminino".
E podem dizer que nos Estados Unidos todas as meninas jogam futebol. Foda-se. Lá os homens jogam beisebol.

ecce entrevista: Paulo Roberto

Flagramos Paulo Roberto num dos seus momentos mais “Paulo Doido”, assim como era conhecido na cidade de Ilhéus - BA. O Vasco acabava de aplicar uma goleada de 3 a O sobre o time argentino do Lanús e Paulo estava em êxtase.
Hoje, morando em Niterói-RJ, esse baiano contundente, que cursa a faculdade de Direito na Estácio de Sá, jura amores pelo Rio de Janeiro e se diz um apaixonado pelo Vasco, pela família, pelo Rio e por sua prima Érika. O ecce registrou tudo dessa conversa sincera sobre paixões e mostra de forma exclusiva quem é Paulo Roberto ou quem é “Paulo Doido”.
ecce: Paulo, há quanto tempo você se encontra no Rio?
Paulo: Há cinco ANOS

ecce: O que o Rio representa hoje para você?
Paulo: Uma segunda casa onde fui bem acolhido.

ecce: Só isso? Mas, cadê aquele entusiasmo quando você fala do Rio?
Paulo: O rio é um lugar semelhante a nossa Bahia, um lugar aconchegante,alem de um povo alegre, bonito e de um humanismo impressionante apesar dos grandes problemas diários, o povo de bem com a vida apesar dos grandes problemas sociais.

ecce: Você assistiu Tropa de Elite? Do Camelô?
Paulo: 2 vezes

ecce: Paulo, para quem se lembra, de onde veio o apelido "Paulo Doido"?
Paulo: Rapaz isso é devido ao meu temperamento, forte temperamento.

ecce: Tem algo a ver com o Vasco?
Paulo: Em parte também. O Vasco mexe comigo, perco a noção de tempo e espaço.

ecce: Você tocou num ponto importante. Explica para a gente essa paixão pelo Vasco?
Paulo: Meu amigo aqui, principalmente, os companheiros da força jovem, costumam dizer que alguém poder ser vascaíno como eu, mas não mais. Vem do meu avô, é de sangue. Meu falecido pai também era vascaíno, era tão fanático que varias vezes parou no hospital.

ecce: Aproveitando ensejo, manda um recado para a torcida do Flamengo(que eu sei que você tá doido por isso).
Paulo: Choraaaaaaaaaaa seus imundos, time da virada só o vascooooooooooooooo chora globo também, pois eles acharam que os sujos iriam reverter a goleada aplicada pelo Defensor, os mesmo 3 a 0 que eles precisavam na libertadores e o Vasco provou que somos o time da virada.

ecce: Paulo, a pergunta que não quer calar: Quem matou Thaís?
Paulo: Olavo, aquele que a urubuzada suplica para tiralos da zona

ecce: Você gosta de novela? Lembra que certa vez discutimos muito sobre a telenovela “O Clone” e seu personagem tio Abdo?
Paulo: Mais ou menos, não tenho tempo. Costumo olhar de relance, não faz parte da minha rotina.
(pausa)
Esse jogo mexeu comigo, quase passo mal. Tô em êxtase

ecce: Paulo, ultimamente você tem se revelado um leitor de Nietzsche . Como se deu isso? A filosofia faz parte de sua vida?
Paulo: Sim gosto da filosofia da nietzschiana.

ecce: Você é sempre lacônico assim?
Paulo: Às vezes, é que hoje não to normal, não costumo ser tão breve.

ecce: A gente sabe disso Paulo

ecce: Mas, fala aí, como estudante de Direito, que carreira jurídica vai seguir Paulo?
Paulo: Oi

ecce: Repetindo: Como estudante de Direito, que carreira jurídica vai seguir?
Paulo: Sou eclético quanto a isso. Sonho com o MP(Ministério Público), mas não descarto a advocacia, até porque estou em um bom momento no meu estágio, até porque estou desenvolvendo atividades que ainda não havia desenvolvido.

ecce: Mas, o Direito é realmente sua praia?
Paulo: Sem dúvidas.

ecce: Líder de torcida do Vasco não seria melhor, assim como o dentinho do Corintinhas?
Paulo: Não tenho perfil. Não teria condições de trabalhar com outra área, até porque almejo vôos maiores.

ecce: Paulo, o assunto que não foge a uma boa conversa masculina, cadê as mulheres?
Paulo: Hum bom!!!! Quem é Dentinho?

ecce: Líder da Fiel, torcida do Corinthians.
Paulo: Isso é um Zé Ninguém. Eu sou um operador do direito

Paulo: Pergunta meu chapa. (Momento tenso)

ecce: Tem alguma de olho? Tá namorando?
Paulo: Rapaz, sempre solteiro. Ultimamente tenho saído pouco, pois a rotina tá dura e to pagando umas dívidas. Mais nada de compromisso por enquanto

ecce: Rapidinhas do ecce Paulo, pá e bola, eu falo e você responde apenas com uma palavra.
Paulo: Ok

ecce: Uma paixão?
Paulo: Essa é difícil. Podem ser duas?

ecce: Manda!
Paulo: Vasco e Direito

ecce: Quem você mataria?
Paulo: ACM! (risos). Brincadeira, não vale. Ele está morto. Valderico, mataria Valderico.

ecce: Um ódio?
Paulo: Mengu

ecce: Um lugar?
Paulo: Corcovado

ecce: Kerlon e o drible da foca?
Paulo: Habilidade

ecce: Armandinho, o cantor de reggae?
Paulo: Um Zé maconha!!!

ecce: Quem é você em uma palavra?
Paulo: Amigo

ecce: Valeu Paulo, agente agradece por você ser assim.

Paulo: Não perguntou se eu gosto de alguém?
ecce: Você gosta ?
Paulo: Sim. Minha prima ÉRIKA
ecce: Quer mandar um recado para ela?
Paulo: Amor de primo é pra vida toda!!!!

quarta-feira, setembro 26, 2007

Coisas do futebol

2º Divisão do Campeonato Baiano de futebol, o glorioso Galícia tentava retornar ao principal grupo do futebol da Bahia. Precisava apenas ganhar para avançar às finais da competição e que o time da cidade de Guanambi não aplicasse uma goleada astronômica no Leônico.
3 x 1 foi o placar do jogo do Galícia, 10 x 0 foi o placar de Guanambi versus Leônico. O impossível aconteceu, a conta exata de gols que precisava o Guanambi para pleitear uma vaga na 1ª divisão e despachar o Galícia. Quando o jogo do Galícia acabou, o time de Guanambi precisava de 5 gols faltando apenas trezes minutos. Milagrosamente os fez com a “competência” que caberia.
O time do Leônico jura não ter entregue o jogo e o técnico do Guanambi ainda disse que o jogo foi “até disputado”. Imaginem se não fosse! Dentre as máximas do futebol que mais gosto está aquela que diz: “Futebol é uma caixinha de surpresas.”
Coisas do futebol!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Kerlon e o drible da foca

Lembro como se fosse hoje, Palmeiras e Corinthians, clássico do futebol brasileiro, final do Paulistão de 99, o capetinha Edílson apronta uma de suas capetices, recebe no meio de campo a gorduchinha e a levanta fazendo embaixadas. A reação é instantânea: os jogadores do Palmeiras revidam com chutes e o tapete verde torna-se campo de batalha.
Ano de 2007, campeonato brasileiro, outro clássico do futebol nacional: Cruzeiro e Atlético Mineiro, Kerlon alça a bola sobre sua cabeça e efetua o famigerado drible da foca, de sua autoria, até levar uma chegada incisiva de Coelho, inicia-se um tumulto que não tem conseqüências tão desastrosas.
Entre a primeira situação e a segunda há algo similar: futebol é arte, não é burocracia. Edílson e Kerlon estavam dentro do regulamento, não pegaram com a mão e nenhuma irregularidade pode ser apontada. A muito estão querendo tirar do futebol a provocação, ela que é um de seus motores, uma de suas graças. O que seria dele sem Edmundo, Romário, Vampeta, Túlio, Júnior Baiano, Dadá,?
Banir o tal do drible da foca? Sob qual argumento? Não pode driblar? Façamos logo o futebol gol a gol e acabemos logo com essa palhaçada. Isso sim é palhaçada! Não o que Kerlon fez. Já vi inclusive o despautério da Federação Paulista punir um jogador por provocações antes do jogo. Estamos falando de futebol e não de jogo de xadrex.

domingo, setembro 23, 2007

ecce entrevista: Anally

Todos se lembram dos bons tempos do Terceiro Ano do Colégio São Jorge dos Ilhéus nos idos de 2001. Ali floresceu um grupo que mais tarde viria a ser considerado, quase que de forma unânime pela mídia nacional, a elite intelectual deste país. De lá para cá, muitas águas passaram pelas mais diversas pontes, mas algo continuou constante: Anally Safer é uma das mais importantes cabeças pensantes por trás do movimento.
Referência estético-cultural do cenário sul-baiano, esta itabunense de 23 anos, hoje vive num famoso resort e faz questão de informá-lo: "Salvador, não, Sauípe".
Nesta entrevista exclusiva, Anally fala sobre drogas, sexo e o sentimento de não estar.

ecce: O que você fez ontem?
Anally: Eu cantei "o Asa arreia", com muitas pessoas cantando "o Asa arreia".

ecce: Onde foi isso?
Anally: (risos) Aqui. Durval Lelis é muito chato (risos). Mas você que é menino ficaria impressionando, eu nunca vi tanta gente linda no mesmo lugar.

ecce: Gente linda por gente linda eu fico aqui. Sou mais as baianas.
Anally: Mas aqui tinha muita baiana, apesar do povão de fora.

ecce
: Então fechou!
Anally: Mas elas eram loiras e não tocavam violoncelo. Não faziam seu tipo (risos). Pelo menos nenhuma levou um voloncelo (risos).

ecce
: Anally, que palhaçada é essa de Ana Lee?
Anally: Palhaçada foi da minha mãe colocar LL e Y na certidão. E não leve Orkut tão a sério. Na entrevista você vai corrigir os erros de digitação, acho isso muito necessário (risos).

ecce
: Você pretende me ensinar a entrevistar, é isso?
Anally: Tudo para proteger minha dislexia do conhecimento público.

ecce
: O que você acha do governo Hugo Chavez na Venezuela?
Anally: Depois que eu saí da faculdade, eu deixei de ser esquerda e comprar Caros Amigos (risos). Só posso achar ele sem noção ultimamente. Mas eu posso falar sobre Fidel? Não, acho que não posso.

ecce
: Por favor, fale sobre Fidel.
Anally: Fidel recebeu o presidente da Angola de pé, acabei de ler no UOL. É bom divulgar isso.

ecce
: Como assim?
Anally: Ele estava quase morto agora está de pé, e com roupas esportivas de Cuba.Isso é animador, só eu que fico animada com a não-morte de Fidel?

ecce
: Eu acho Fidel pelo menos simpático. Chavez não é simpático, não sei se você concorda com a minha análise...
Anally: Até o índio da Colombia tem certa simpatia, Chavez é chato. E precisa ver Fidel com roupas esportivas, fica bonitinho...

ecce
: Como a crise no mercado imobiliário americano afetou seus investimentos?
Anally: Eu tenho aquela alegria idiota com crises americanas, mas a parte do investimento, bem... Eu ficaria mais feliz se eu tivesse algum investimento.

ecce
: Entendi. Você quis dizer que ficou feliz com a derrubada das Torres Gêmeas. Já pensou em se mudar para algum país árabe?
Anally: Não, eu quis dizer que fiquei feliz com o primeiro avião somente. Eu tenho alergia a poeira, um país arábe está fora de cogitação.

ecce
: O que você está lendo agora?
Anally: Capote. Uma entrevistada monossilábica tem certo estilo blasé, gostei disso.

ecce
: Já leu Hemmingway?
Anally: Não, nem Nietzsche, o que acaba com minha vontade de ser cult. Aliás, toda tentativa de ser cult é frustrada, queria aqueles óculos de aro grosso, mas não tenho nenhum problema de vista, acredita?

ecce
: Eu odeio gente de óculos de aro grosso, ainda bem que você não usa.
Anally: Super tendência.

ecce
: Qual último bom filme você viu?
Anally: Eu tô tentando lembrar... Vi pela segunda vez Lady Vingança.

ecce
: Poxa, ainda não vi, acredita? É bom mesmo?
Anally: Muito, é bonito. Old Boy é o mais doidão da trilogia, mas Lady Vingança tem toda uma beleza, e aquele jeito de matar do cinema oriental.

ecce
: Você viu o outro também?
Anally: Vi só Old Boy, mas só uma vez. Não é recomendável ver muitas vezes alguém comer um polvo vivo.

ecce
: Eu gosto de polvo, mas não vivo.
Anally: No youtube tem uma chinesa fazendo algoto terrivel e devasso com o polvo, mas ele estava morto, enfim...

ecce
: Anally, diga o que você pensa sobre a estética do funk carioca. Ela implica numa inversão de valores, com as patricinhas subindo os morros pra dar ou é somente um exemplo do caldeirão cultural brasileiro?
Anally: As patricinhas sobem para dar , as locais dão, liberdade que se dá na interação das classes. Mas quem se importa com isso? O importante é o batidão.

ecce
: Você gosta do batidão, particularmente?
Anally: Pelo deslumbramento antropológico da coisa, o batidão é foda.

ecce
: Você não acha que os versos "é som de preto/ de favelado/ mas quando toca/ ninguém fica parado" constituem um erro perigosíssimo de análise?
Anally: Eu fico pensando se Perla é preta e favelada. Mas é bom pensar que é de preto e favelado, tour pela Rocinha já virou cool, cool.

ecce
: O que eu quis dizer é que na verdade, as pessoas que não gostam da coisa, dentre as quais humildemente me incluo, não desgostam pelo fato de ser de preto e de favelado, mas por ser ruim mesmo.
Anally: Mas as pessoas que fazem funk têm que justificar a desaprovção de pessoas como você, então por isso eles se formulam um motivo. Mas acho que o preto e favelado é até favorável ao sucesso , o pobrismo hoje é defendido, virou até estética de cinema.

ecce
: Concordo plenamente. As coisas tipicamente brasileiras estão muito valorizadas no mundo de hoje, independentemente de serem boas (Havaianas e futebol) ou ruins (o resto).
Anally: Mas, eles ainda acham que vivemos na Amazônia, que o que é urbano é favela, e colocam uma sambista nua pra representar todas as nossas coisas típicas. Eles podem até não estar errados, mas prova que essa valorização mudou pouca coisa.

ecce
: Conte mais sobre seu dia-a-dia em Sauípe.
Anally: Eu assisto televisão, tiro fotos e vejo gente bonita e rica. Eu acho uma ótima experiência viver numa bolha. Não, eu não tomo banho de piscina.

ecce
: É verdade que Tchutchucão se hospedou aí este ano?
Anally: Eu vi um tumulto e uma música alta, todos mexiam a cabeça como o Tchutchucão, mas não posso afirmar nada.

ecce
: Entendo. Anally, você certamente tem acompanhado o debate mais acalorado do país nos
últimos tempos: o lance do drible da Foca de Kerlon. É um lance objetivo ou uma provocação que tem que ser punida com entrada violenta? Dica: a resposa certa é a segunda.
Anally: Nem precisava da dica. Futebol está muito politicamente correto. Todo mundo hoje é Kaká, um saco. Eu achei mais que correta a atitude do jogador que não sei o nome. Pra mim Felipão tinha que ter dado o murro no jogador também, e Romário juntamente com Vampeta apresentarem workshop para os futuros jogadores de como dar entrevista de maneira decente.

ecce
: Parabéns
Anally: (risos) Acabamos?

ecce
: Não, calma
Anally: Hum (risos)

ecce
: O que você acha do futuro da música baiana? Seresta e arrocha vieram pra ficar ou o saudoso axé de Carla Peres ainda tem seu espaço?
Anally: Carla Peres juntamente com Xandy colocaram duas crianças no mundo, logo, o futuro da música baiana é ainda mais preocupante.

ecce
: Quando eu paro pra pensar e comparo a boca da garrafa com a dança da motinha, eu acho que, no passado, vivemos tempos extremamente conservadores no que tange a produção de letras de música
Anally: A música baiana conseguiu numa estratégia dadaísta de composição se preocupar com o trocadilho, hoje em dia perdemos essa vulgaridade disfarçada, eles não escreveriam mais " rala tcheca e rala o tchaco".

ecce
: Exatamente. Acho que você captou o espírito da coisa. Anally, muito obrigado pela participação. Volte sempre!

segunda-feira, setembro 17, 2007

Rapazes

- Colé a sua, mermão?
- Rapaz, fique na sua...
- Colé de mermo, mermão!
- Rapaz, eu tô na minha...
- Colé, mermão, se bote, vá!
- Rapaz, não digo nada...
- Colé o que, mermão?
- Rapaz...
Não aguentou e começou a chorar.

Os 7 Mitos do Futebol: O Mito das Famílias nos Estádios

Em minhas andanças pelo mundo, tenho escutado e lido incontáveis besteiras. No que tange ao jogo do futebol, porém, tais sandices se multiplicam, propagadas por pessoas sem o completo entendimento da matéria. Nesta série de artigos inéditos, desmistificarei, de forma sucinta, os 7 Grandes Mitos do Futebol. Espero, com tal empreitada, empreendida do alto de mais de duas décadas de dedicação aos estudos e à vivência do esporte, levar mais conhecimento aos leigos no assunto, tornando-me reconhecido como uma das maiores referências no tema.

Mito Número 2: O Mito das Famílias nos Estádios
Adentro a arquibancada em dia de clássico. A primeira visão, a do outro lado, mostra o meu contrário. Em forma de massa, encarna-se tudo o que não quero ser. São nazistas, estupradores, pederastas, ladrões, assassinos e estão errados. Estão errados porque não percebem que estão errados. E por estarem tão errados merecem morrer. Não há outro sentimento que perpasse a mente do torcedor neste momento que não o do mais puro, irracional e bom ódio. Ódio. Ódio. De querer matar. Durante quase duas horas, quase sempre a agonia e o sentimento de impotência aliado à contraditória sensação de participação. E dá-lhe irracionalidade! Ao final, um dos lados gozará de momentos prolongados de superioridade e completude. Ao outro restará o mesmo ódio, ódio, ódio, de querer matar.
É neste ambiente, aparentemente infrutífero, que floresce um dos mais fortes sentimentos que o homem carregará em sua vida. Durante a maioria de seus dias, este mesmo homem será forçado a tomar decisões baseado nas leis da lógica e seguindo os princípios de causalidade que regulam, quase sempre, o universo. Porém, durante aquelas duas horas e poucos minutos, o que o governará será o inexplicável, o óbvio (por primal), o sensível apenas. Como uma válvula de escape, como um ópio mesmo, como sua única possibilidade de exercício da raiva de forma saudável, o homem precisa daqueles momentos.
Agora, para algo completamente diferente! Por ignorância, por inocência, para vender mais cachorro-quente ou porque, afinal de contas, fica mais bonito na televisão, enormes setores da sociedade querem acabar com toda a magia negra dos grandes confrontos futebolísticos. Eles querem as famílias nos estádios.
Obviamente, não se imagina que as famílias dos estádios cantarão juntas, a plenos pulmões, a forma como esperam acabar com a vida dos oponentes após o jogo ou o que desejam enfiar no orifício anal de seus rivais. Não. As famílias dos estádios sentar-se-ão em suas cadeiras, lado a lado, tomarão seus refrigerantes (o papai a cervejinha, que ninguém é de ferro), agitarão suas bandeirolas e falarão no celular enquanto seu time sofre um gol (que droguinha!). E acenarão para a câmera, já ia me esquecendo.
Já existem inúmeros lugares onde um pai pode se divertir com seus filhos e sua mulher: o parque, o circo ou mesmo as contendas de vôlei da seleção (em cima, embaixo, puxa e vai) cumprem essa função perfeitamente. Nem tudo na vida deve ser limpo, ascético, fofo e pronto para ser filmado com um sorvete na mão e um sorriso inocente na cara. Assim como os filmes, eventos sociais também têm classificações indicativas. A do futebol equivale à de um XXX.
Futebol é guerra. Essa é uma verdade. Não deveria ser uma guerra levada ao extremo da violência física, mas ainda assim uma guerra. Os sentimentos primitivos de paixão, fanatismo e dever que o movem são os mesmos que levam pessoas a se matar em nome de um bem maior. Acabar com isto é comer o futebol pelas beiradas, como cupim. É um passo importante na pasteurização do esporte bretão em indústria palatável a todos, rumo à sua completa descaracterização.
A violência (psicológica, que seja) é um fator fundamental deste que é um lado fundamental da vida. Como diria o grande Chico Science, é assim que tem que ser e é assim que é.

terça-feira, setembro 11, 2007

Veredas da morte

Andava pela rua, absorto em seus problemas, a brisa do mar vinda da sua esquerda e o cheiro do acarajé chegando da direita.
Não conseguiu calcular de onde poderia ter saído o homem alto, vestido com uma túnica preta e uma máscara do Pânico, que agora obstruía sua passagem:
- É chegado o derradeiro momento. Eu sou seu pior pesadelo.
Um franzir de sobrancelha e um leve torcer de pescoço disseram tudo. A resposta vocalizada foi muito mais um reflexo involuntário:
- Oxi...
Com um safanão, levou o mascarado ao chão. Seguiu seu caminho a passos rápidos. Faltava menos de meia hora para a novela começar.

domingo, setembro 02, 2007

Justiça alimentar

Tarde da madrugada. Ruas vazias na cidade. Notou o vegano vindo em sua direção. Lembrou que havia trazido seu punhal. O braço direito segurou o colarinho e o esquerdo manteve a arma apontada para a jugular.
- Coma este queijo.
- Não como produtos de origem animal.
Um talho no braço direito fez o sangue esguichar e um urro ecoar.
- Coma este queijo.
- Não como produtos de origem animal.
Com um movimento rápido, sacou a pistola da cintura e explodiu o joelho do vegano.
- Coma este queijo.
- Não como... produtos... de origem...
- Coma este queijo ou eu mato aquele gato - que estava passando.
As lágrimas escorreram do rosto do vegano, enquanto ingeria o laticínio. Do outro lado da rua, o miado dos sobreviventes.

PS: este conto é um presente de aniversário atrasado para minha grande amiga Anally

sábado, setembro 01, 2007

Uma análise da democracia no Japão feudal

Marchou resoluto ao colégio do seu bairro, ciente de suas responsabilidades de cidadão. Enfrentou a fila resignado, expressão séria, atitude digna.
- Sinto muito, mas você não pode votar, Lion Man. O sufrágio ainda não contempla as criaturas parcialmente humanas - informou-lhe o fiscal.
Dirigiu-se arrasado à saida de sua zona eleitoral, não sem antes, porém, observar de relance enquanto Barat depositava seu voto na urna da sala ao lado.
Percebeu, ali, a derrocada final do Japão. O Mantor do Diabo havia vencido.