Crítica: "Para Sempre Lilya"
Gosto bastante do cinema nórdico. Normalmente (pelo pouco que o conheço) são histórias enclausurantes, onde os personagens estão totalmente sem saída em relação a alguma situação.
De repente, não mais que de repente, uma ou outra cena de catarse, para posterior volta à estagnação sufocante. E esse filme sueco não foge à regra.
A Lilya do título é uma menina de 16 anos que vive na Rússia, onde a vida parece se arrastar de forma nada interessante. Assim, a perspectiva de se mudar para os Estados Unidos com a mãe e o namorado desta parece a saída para todos os problemas da vida. Quando a mãe lhe avisa que ela ficará em casa e só irá depois, a frustração é, portanto, ainda maior. Largada à própria sorte num mundo frio e mau (mesmo!), Lilya passa a comer o pão que o Diabo amassou. Seus únicos momentos de alegria vêm do contato com Volodya, o amigo alguns anos mais novo. Como o menino também tem uma família desajustada, os dois passam a viver quase que juntos no "apartamento" da adolescente, cheirando cola e sonhando com dias melhores.
"Para Sempre Lilya" leva o conceito de cinema massacrante às últimas consequências. Não é dado à garota, em praticamente nenhum momento, um fio de esperança que seja. A vida para a protagonista fica, a cada dia que passa, um fardo maior e mais pesado. Tipo o anel do Frodo. E o espectador é irremediavelmente levado pela angústia da falta de possibilidades, quase a ponto de gritar "chega". Costumo gostar de filmes assim, mas desconfio que a técnica de deixar o público tão agoniado a ponto de ficar cego para quaisquer outras coisas tem alguns poréns graves.
No caso desse filme, achei a abordagem de um dos principais pontos, a amizade entre os dois meninos, um pouco fraca. Em alguns momentos, as cenas dos dois juntos chegam a irritar, simplesmente porque tiram o foco da via crucis de Lilya. E o que era para ser tema principal, vira mera alegoria.
A comparação com "Corações Livres", filme dinamarquês com a grife Dogma 95, me foi instantânea, até porque vi este outro não faz muito tempo. É óbvio que os sofrimentos são diferentes, inclusive em intensidade, mas o clima de desesperança e sufoco é o mesmo. No entanto, o dinamarquês me pareceu simplesmente muito mais filme. Desde as atuações até a direção.
Há no filme uma cena que me agradou muito. Logo no início, quando Lilya percebe que vai mesmo ficar sozinha e corre desesperada para impedir a ida da mãe. Súbita, forte e rápida, como o atropelamento de "Corações Livres". Esta última aliás, proporcionou-me a sensação mais arrebatadora até hoje numa sala de cinema.
Enfim, bom filme, mas nada muito impressionante. Boa forma de começar o ano. Que ainda pode, e deve, ficar melhor.
De repente, não mais que de repente, uma ou outra cena de catarse, para posterior volta à estagnação sufocante. E esse filme sueco não foge à regra.
A Lilya do título é uma menina de 16 anos que vive na Rússia, onde a vida parece se arrastar de forma nada interessante. Assim, a perspectiva de se mudar para os Estados Unidos com a mãe e o namorado desta parece a saída para todos os problemas da vida. Quando a mãe lhe avisa que ela ficará em casa e só irá depois, a frustração é, portanto, ainda maior. Largada à própria sorte num mundo frio e mau (mesmo!), Lilya passa a comer o pão que o Diabo amassou. Seus únicos momentos de alegria vêm do contato com Volodya, o amigo alguns anos mais novo. Como o menino também tem uma família desajustada, os dois passam a viver quase que juntos no "apartamento" da adolescente, cheirando cola e sonhando com dias melhores.
"Para Sempre Lilya" leva o conceito de cinema massacrante às últimas consequências. Não é dado à garota, em praticamente nenhum momento, um fio de esperança que seja. A vida para a protagonista fica, a cada dia que passa, um fardo maior e mais pesado. Tipo o anel do Frodo. E o espectador é irremediavelmente levado pela angústia da falta de possibilidades, quase a ponto de gritar "chega". Costumo gostar de filmes assim, mas desconfio que a técnica de deixar o público tão agoniado a ponto de ficar cego para quaisquer outras coisas tem alguns poréns graves.
No caso desse filme, achei a abordagem de um dos principais pontos, a amizade entre os dois meninos, um pouco fraca. Em alguns momentos, as cenas dos dois juntos chegam a irritar, simplesmente porque tiram o foco da via crucis de Lilya. E o que era para ser tema principal, vira mera alegoria.
A comparação com "Corações Livres", filme dinamarquês com a grife Dogma 95, me foi instantânea, até porque vi este outro não faz muito tempo. É óbvio que os sofrimentos são diferentes, inclusive em intensidade, mas o clima de desesperança e sufoco é o mesmo. No entanto, o dinamarquês me pareceu simplesmente muito mais filme. Desde as atuações até a direção.
Há no filme uma cena que me agradou muito. Logo no início, quando Lilya percebe que vai mesmo ficar sozinha e corre desesperada para impedir a ida da mãe. Súbita, forte e rápida, como o atropelamento de "Corações Livres". Esta última aliás, proporcionou-me a sensação mais arrebatadora até hoje numa sala de cinema.
Enfim, bom filme, mas nada muito impressionante. Boa forma de começar o ano. Que ainda pode, e deve, ficar melhor.
Filme visto no Belas Artes, Belo Horizonte, a 13 de Janeiro de 2005
1 Comentários:
Esse parece ser um bom filme Eduardo,também gosto desses tipos,boa narração também. Vou assistir. Se possível mande outros bons para o meu e-mail.
Beijo!
Vanessa
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