ecce blog
Odiamos blogs. Quer dizer, odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos blogs. Também odiamos o uso idiota que as pessoas fazem dos fotologs. Quer dizer, odiamos fotologs. Mas adoramos rir deles! O "ecce blog" foi criado como uma forma de dar vazão a nossos impulsos criativos. Não há tema fixo. Há, sim, um tema a se evitar fixo. Não faremos disso um diário virtual. Sim, besteira é permitida. Falar mal dos outros também. Vamos ver até onde vai...
Colaboradores
terça-feira, novembro 11, 2014
“Entre
brigar e bater o pênalti, eu prefiro ajudar na briga.”
São
Paulo x River Plate, Sulamericana de 2003
Luís
Fabiano
Recentemente,
a imprensa esportiva noticiou o interesse do Flamengo em contar com
Luís Fabiano, um dos ídolos da Nação São Paulina. Pouco tempo
depois, o artilheiro publicou na rede uma foto sua beijando o manto
tricolor com os seguintes dizeres: “A vida me fez São Paulo. E eu
fiz do São Paulo a minha vida.”
A relação
de um jogador com um clube ou sua torcida, às vezes, é explicada de
modo simples. Outras não. Como explicar a relação de Luís Fabiano
com a Torcida do São Paulo? Seriam apenas os gols? O fato de já ter
se tornado o terceiro maior artilheiro da história do Clube? De ter
feito questão de voltar para o Time que lhe deu projeção? Ou suas
inúmeras expulsões, brigas, suspensões?
Reducionista
ou não, a torcida do Tricolor é tida, em sua maioria, por uma
torcida elitista, “certinha”, de “coxinhas”, zona sul de São
Paulo. Apesar de não concordar, nem discordar desses conceitos,
afinal em todas torcidas há de tudo um pouco, reconheço uma certa
verdade neles.
Mas, e o
Fabuloso, nosso herói errante, brigador, cambaleante, onde se
encaixaria na paixão da nossa tão “reta” torcida? A resposta
está no fato de que Luís Fabiano é aquilo que o torcedor são
paulino queria ser. Ele é o ponto fora da curva. O artilheiro
incontrolável ou controlado por suas emoções. O cara que prefere
ajudar os companheiros na briga a bater o pênalti. O atacante que
comete erros porque simplesmente é humano. O jogador inúmeras vezes
perdoado porque é são paulino acima de tudo. O “favela”, como
carinhosamente é chamado por parte da Torcida.
Recorrendo
aos conceitos de psicologia, para Carl Jung, Luís Fabiano seria
nossa “sombra”, nossa parte animalesca, oculta e que tentamos
esconder, mas também responsável pela espontaneidade, pela
criatividade, pelo insight e emoção profunda,
características necessárias ao pleno desenvolvimento humano, e numa
de suas nuances, do próprio torcedor.
Luís
Fabiano é patrimônio tricolor e ninguém pode negar isso.
Certa
feita, Romário disse que Ronaldinho Gaúcho era o último dos
românticos, eu que não sou ninguém gosto de pensar em Luís
Fabiano como nosso eterno visceral. E se não fosse assim, não seria
ele, não seríamos nós.
Robson
Miranda Argolo é ilheense, baiano e são-paulino, não
necessariamente nessa ordem.
quarta-feira, julho 09, 2014
Sobre nós mesmos
Não lembro bem o ano,
apenas tenho certeza que não foi em 2006, ano em que o “Tigrão”,
apelido do time de futebol da minha querida Ilhéus – Colo Colo,
sagrou-se campeão baiano. Mas, voltando, lembro que foi um daqueles
anos normais do Tigre, em que sobrevivíamos para ficar na primeira
divisão do Baiano. Lá estava eu na Geral do Mário Pessoa, apinhada
dos seus 100/150 torcedores assistindo o Colo Colo ganhar do Atlético
de Alagoinhas, até então. Eu só ouvia gritos de apoio, de orgulho
de ser ilheense, de que ali era a jaula do Tigre e nenhum visitante
“sacana” mandaria em nosso território. O fato é o que desfecho
da partida não terminou bem, o que acontecia com uma certa
frequência, tomamos a virada e o que era orgulho virou gozação,
sacanagem ou o velho “- Eu já sabia. Só vim aqui mesmo por vir.”
,“Bota Tourinho1.”
Sou adepto da daquela
ideia que micro relações representam bem as macro relações. Sim,
eu estou falando da nossa Seleção. Ela e o Colo Colo representam
bem, como nós brasileiros, nos comportamos em relação às coisas.
Uma Seleção, um time, um técnico, um título, um ídolo, uma
cidade, um país nos orgulha, nos representa apenas em seu auge, na sua vitória, jamais na sua decadência ou derrota.
Nossos símbolos apenas
nos servem quando estão ganhando, vibrando, quando são elogiadas pela "imprensa mundial", quando podemos dizer que temos aquela ou essa
identidade sem medo de sofrer uma crítica que venha de qualquer
lado.
Ninguém sabe perder, mas
uns sabem menos que outros. Nós não sabemos nada nessa matéria. Em
qualquer país do mundo, nossa Seleção seria amada e festejada na
vitória ou derrota. Aqui precisamos pedir que torçam, criar clima
para a torcida apoiar, ganhar, ganhar e sempre ganhar para que não
gerem dúvidas aos que vão ao estádio de que não se decepcionarão.
Não é essa a tônica do Esporte. Mais do que em qualquer outro
campo, este nos ensina que lutar e representar alguém ou alguma
coisa é mais importante que vencer.
Óbvio que sempre
queremos ganhar e que haverá críticas na derrota. Não falo disso,
de não haver críticas, nem de paixão cega. Mas daquele sentimento
de abandono que nós torcedores brasileiros temos depois de cada
frustração, de que a Seleção terá que nos conquistar novamente.
Brasil decime que se siente?
1 Lendário
jogador do Tigre.
segunda-feira, janeiro 07, 2013
Oswald de Andrade, please send me a letter
Eu prefiro ter uma opinião formada sobre tudo
Do que ser aquela velha metamorfose ambulante
Do que ser aquela velha metamorfose ambulante
quinta-feira, outubro 25, 2012
ÔÔÔÔ, eu só quero entender.
Rememorando o velho cenário musical baiano, me deparei com uma letra da banda Terra Samba, a qual gostava bastante de ouvir, “Deus é Brasileiro”. Lembro ser muito novo naquela época e nunca ter atentado para a mensagem da música.
Na música existe o questionamento do dito popular se Deus é realmente brasileiro: “Ônibus lotado, povo apertado, será que na vida, tudo é passageiro, um calor danado, o povo sem dinheiro, tenho lá minhas dúvidas, se Deus é brasileiro.”
O velho refrão ôôôô(tão criticado na música baiana, nem tanto nas outras) não empequenece a obra, pois logo em seguida, a letra faz uma observação, ao meu ver, extremamente interessante: “Deus não pega ônibus, nem lotação, mas deve ouvir pedidos e reclamação, não tem nem cor, nem sexo, nem estado civil, coitado se ele for o gerente do Brasil.” Para você ver, o compositor tem até pena de Deus.
Para fechar, a música dá um puxão de orelha em Deus, dirigindo-se ao mesmo como qualquer um: ”Não leve a mal, tudo bem ô rapaz aí de cima, entre outras coisas, que eu quero saber, por favor me ensina, como esse povo que sofre como fome, que passa mal, vai batucar na panela vazia e fazer carnaval.” Trata-se de um ironia, o rapazinho lá de cima não tem condições de explicar. E tome-lhe ôôôô.