Crítica: "Zatoichi"
Zatoichi, o samurai cego (!!!) é um personagem clássico da ficção japonesa. Tendo estrelado vários filmes a partir da década de 60, e protagonizado uma série de televisão, sua figura é célebre no Japão. Desta vez, é Takeshi Kitano, provavelmente o mais importante diretor japonês vivo, quem contribui para a sua saga.
Neste conto, Zatoichi ajuda um casal de irmãos a vingar a morte dos pais e uma vila a libertar-se da gangue que a oprime.
A sequência inicial indica o que está por vir, com o protagonista derrotando um bando de malfeitores sozinho. Tudo com um tom daquele humor propriamente oriental, de gritos desesperados e olhos esbugalhados.
É o bizarro quem guia este filme. Dificilmente poderia ser diferente, dada a própria natureza do personagem principal. Mas Kitano força a coisa ao limite introduzindo elementos ainda mais esquisitos. Está lá o casal de irmãos que, fantasiados de gueixas, procuram encontrar os assassinos dos pais. As sequências de luta, sempre exageradas e espirrando sangue (às vezes mais que só isso) também são surreais.
E, principalmente, há a casa de jogos. No caso, trata-se de um jogo de dados em que os apostadores simplesmente têm que acertar se o número sorteado é par ou ímpar. A não ser que a legenda estivesse horrível, é meio difícil acreditar que a casa pudesse lucrar alguma coisa com uma taxa de acertos de 50%. Mais incrível ainda é o azar absurdo do sobrinho da senhora que abriga Zatoichi. O sujeito, elemento loser da trama, simplesmente não consegue ganhar um tostão. Até que chega o protagonista que, por ouvir o barulho dos dados, ajuda-o a não perder mais nenhuma. E, quando os donos do lugar resolvem trapacear usando dados viciados, é essa capacidade que permite a Zatoichi dar-lhes o troco, na carnificina que é a melhor sequência do filme, apesar da computação gráfica muito mal-feita.
Se o cinema oriental costuma causar um certo desconforto pelo ritmo totalmente diferente, aqui este papel cabe às próprias noções de honra e moral, completamente invertidas. Zatoichi, o herói da história, não exita em cortar o braço do chefão do jogo nem de provocar um verdadeiro banho de sangue em quem aparece pela frente. Uma cara por um olho, uma boca por um dente em oposição ao princípio da proporcionalidade entre penas e delitos, tão cara a nós ocidentais.
Sobra, ao fim do último quadro (e durante este), uma sensação tremenda de estranhamento. Um inevitável franzir de sobrancelhas. E, pelo menos no meu caso, acompanhado de um sorriso de satisfação.
Neste conto, Zatoichi ajuda um casal de irmãos a vingar a morte dos pais e uma vila a libertar-se da gangue que a oprime.
A sequência inicial indica o que está por vir, com o protagonista derrotando um bando de malfeitores sozinho. Tudo com um tom daquele humor propriamente oriental, de gritos desesperados e olhos esbugalhados.
É o bizarro quem guia este filme. Dificilmente poderia ser diferente, dada a própria natureza do personagem principal. Mas Kitano força a coisa ao limite introduzindo elementos ainda mais esquisitos. Está lá o casal de irmãos que, fantasiados de gueixas, procuram encontrar os assassinos dos pais. As sequências de luta, sempre exageradas e espirrando sangue (às vezes mais que só isso) também são surreais.
E, principalmente, há a casa de jogos. No caso, trata-se de um jogo de dados em que os apostadores simplesmente têm que acertar se o número sorteado é par ou ímpar. A não ser que a legenda estivesse horrível, é meio difícil acreditar que a casa pudesse lucrar alguma coisa com uma taxa de acertos de 50%. Mais incrível ainda é o azar absurdo do sobrinho da senhora que abriga Zatoichi. O sujeito, elemento loser da trama, simplesmente não consegue ganhar um tostão. Até que chega o protagonista que, por ouvir o barulho dos dados, ajuda-o a não perder mais nenhuma. E, quando os donos do lugar resolvem trapacear usando dados viciados, é essa capacidade que permite a Zatoichi dar-lhes o troco, na carnificina que é a melhor sequência do filme, apesar da computação gráfica muito mal-feita.
Se o cinema oriental costuma causar um certo desconforto pelo ritmo totalmente diferente, aqui este papel cabe às próprias noções de honra e moral, completamente invertidas. Zatoichi, o herói da história, não exita em cortar o braço do chefão do jogo nem de provocar um verdadeiro banho de sangue em quem aparece pela frente. Uma cara por um olho, uma boca por um dente em oposição ao princípio da proporcionalidade entre penas e delitos, tão cara a nós ocidentais.
Sobra, ao fim do último quadro (e durante este), uma sensação tremenda de estranhamento. Um inevitável franzir de sobrancelhas. E, pelo menos no meu caso, acompanhado de um sorriso de satisfação.
Filme visto no Usina, Belo Horizonte, a 02 de Abril de 2005
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial