Algo de podre no Reino da Dinamarca
Não acredito que direitos e deveres sejam estados contíguos. Para mim, entre os dois existem a gentileza e o bom-senso. Gentileza é exercer um ato que não é um dever em nome de um bem maior. Bom-senso é deixar de fazer algo a que se tem direito para evitar um problema ou uma confusão.
Creio que exatamente a percepção do último estado faltou ao tal jornalista e ao jornal dinamarqueses, agora mundialmente famosos.
Como reação, a mídia supostamente liberal e ilustrada européia (e boa parte da brasileira e norte-americana também) correu em massa na defesa do direito inalienável à liberdade de expressão. Estranho como agem de forma diferente quando o tema muda para o Holocausto e a tragédia nazista.
Além de tudo, as piadas não tinham a menor graça. As charges não tinham a menor qualidade. Querem defender um charlatão que, por um ato de megalomania, provocou uma revolução de proporções globais. Por sua causa, embaixadas dinamarquesas em países que eu nem sabia que existiam foram queimadas. Por sua causa, o ministro italiano da Reforma (não, eu não sei o que faz um ministro da Reforma) disse que vai exortar o Papa a uma nova Cruzada contra o Islã. Por sua causa, gente já morreu e os radicais islâmicos estão mais chatos que nunca.
Posso comparar a situação (sem grandes perdas de generalização, na minha opinião) a de um indivíduo que entre, em dia de clássico no Mineirão, com uma camisa azul no meio da torcida atleticana, grite "Ei, Galo, vá tomar no cu" e depois reclame que os rivais não tinham o direito de arrancar-lhe uma perna e quebrar-lhe o nariz.
Diante de um povo que (de forma estranha para nós, brasileiros, que somos exatamente o contrário) não consegue relaxar nunca e vive em constante estado de busca de motivos para exaltarem-se religiosamente e odiarem todo o resto do Universo, os dinamarqueses preferiram exercer sua liberdade de expressão. O chargista nórdico tinha todo o direito a desenhar suas caricaturas. O jornal tinha todo o direito de publicá-las. Se eles deveriam fazê-lo é outra história. Questão de bom-senso.
Creio que exatamente a percepção do último estado faltou ao tal jornalista e ao jornal dinamarqueses, agora mundialmente famosos.
Como reação, a mídia supostamente liberal e ilustrada européia (e boa parte da brasileira e norte-americana também) correu em massa na defesa do direito inalienável à liberdade de expressão. Estranho como agem de forma diferente quando o tema muda para o Holocausto e a tragédia nazista.
Além de tudo, as piadas não tinham a menor graça. As charges não tinham a menor qualidade. Querem defender um charlatão que, por um ato de megalomania, provocou uma revolução de proporções globais. Por sua causa, embaixadas dinamarquesas em países que eu nem sabia que existiam foram queimadas. Por sua causa, o ministro italiano da Reforma (não, eu não sei o que faz um ministro da Reforma) disse que vai exortar o Papa a uma nova Cruzada contra o Islã. Por sua causa, gente já morreu e os radicais islâmicos estão mais chatos que nunca.
Posso comparar a situação (sem grandes perdas de generalização, na minha opinião) a de um indivíduo que entre, em dia de clássico no Mineirão, com uma camisa azul no meio da torcida atleticana, grite "Ei, Galo, vá tomar no cu" e depois reclame que os rivais não tinham o direito de arrancar-lhe uma perna e quebrar-lhe o nariz.
Diante de um povo que (de forma estranha para nós, brasileiros, que somos exatamente o contrário) não consegue relaxar nunca e vive em constante estado de busca de motivos para exaltarem-se religiosamente e odiarem todo o resto do Universo, os dinamarqueses preferiram exercer sua liberdade de expressão. O chargista nórdico tinha todo o direito a desenhar suas caricaturas. O jornal tinha todo o direito de publicá-las. Se eles deveriam fazê-lo é outra história. Questão de bom-senso.
postado por Eduardo Gustini Simões | 10:59 AM
11 Comentários:
pára pára!
Dessa vez eu discordo radicalmente de você.
Os muçulmanos há décadas fazem charges e piadas envolvendo judeus e cristãos.
Todavia, um obscuro jornal do noroeste da Dinamarca publica uma charge e pimba, os brios deles foram feridos....
Não.
Eles estão sendo manipulados pelos mulás. Para não verem a opressão que sofrem em seus países, têm a revolta canalizada para o novo Grande Satã, a Dinamarca.
Ora. Os islamitas podem fazer piadas; Podem decretar Fatwas religiosos aplicáveis em páises laicos; Podem conclamar um congresso mundial para negar o Holocausto. Mas os ocidentais têm que evitar até fazer charge?
Quem são os islâmicos para cobrar coerência? Alguém pode pregar a bíblia no Irã? Não. Então, além disso, vamos deixar que sentenças clericais tenham validade no ocidente?
Eles que agüentem. Calados ou, pelo menos, sem tocar fogo nas embaixadas alheias, porque quem tem telhado de vidro não joga pedra no do vizinho.
Edgard, concordo com vc. Essa seria a forma de agir num cenário coerente, num cenário em que "quem tem telhado de vidro não joga pedra no do vizinho".
Infelizmente, não é o caso. Os muçulmanos são, hoje, uma civilização mais "atrasada" que nós. Eles, quando se sentem ofendidos em algum aspecto, diferentemente de nós, incendeiam embaixadas e matam gente. E isso, estou certo da sua concordância, é ruim para nós. E eu já estou de saco cheio de ver aquele povo de turbante causando tumulto e culpando a civilização Ocidental por todos os males do mundo.
Se o preço a se pagar para se evitar conflitos é deixar de publicar charges imbecis, sinceramente, eu estou disposto a pagar. E que eles nos deixem quietos.
Quanto à questão da manipulação dos aitolás, mulás e quetais, discordo de vc. Osama Bin Laden não foi manipulação de chefe religioso coisa nenhuma. O conflito palestino-israelense não é manipulação. Isso que está acontecendo agora não é manipulação. Isso é um sentimento profundamente sincero de rigor e fervor religioso que esse povo tem. Eles, quando agem, agem com a mais absoluta certeza de que estão agindo certo.
Grande abraço!
Eu parto de uma tese diferente. Não acho que o ocidente deva ceder um milímetro das suas liberaddes adquiridas por os islamitas são atrasados. Eles que acompanhem o nosso passo.
Abster-se de publicar uma charge para não ferir os brios de um muçulmano do outro olado do mundo é um preço alto demais para uma Democracia pagar. É um retrocesso de quase 100 anos em termos de liberdades individuais.
Por fim, bin Laden não foi manipulado, mas é um manipulador. O grosso do seu exército é composto de jovens fudidos. A multidão que incendiou a embaixada da Dinamarca em Teerã foi instruída pelos aiatolás. Os palestinos que se explodem contra os Israelenses não se perguntam por que 4 bilhões de dólares que os europeus e os 100 milhões que os israelenses mandam anualmente para a Autoridade Palestina não se convertem em melhorias para o povo palestino. Mas a bomba que ele carrega no corpo foi comprada com dinheiro ocidental, enviado para ser investido em saúde e educação.
Você não vê kuwaitianos protestando, nem no Bahrein. Nos países islâmicos que tem governos que melhoram a qualidade de vida não se vê nego protestando.
Só nos pobres, que seguem instruções dos mesmos Mulás, Coronéis, Generais e Aiatolás.
Só uma coisa, sobre a tese "ceder para evitar confusão":
- E se nossas mulheres seminuas começarem a incomodá-los?
- E se nossas bebidas alcoólicas começarem a incomodá-los?
- E se o bacon passar a incomodá-los?
- E se o Rock n´Roll incomoá-los?
- E se o carro movido a álcool incomodá-los?
Por fim, o que mais abriremos mão, em nossa civilização, para não incomodá-los?
É diferente, na minha opinião.
Nós ofendemos diretamente símbolos sagrados deles. Até hoje (reforço esse "até hoje" porque não duvido que a coisa evolua pra um estado pior) eles nunca mataram gente porque nossas mulheres andam de biquini na praia. No máximo, eles reprovam essas condutas, coisa a que, aliás, têm todo o direito. Afinal de contas, nós também não gostamos das mulheres deles andarem todas cobertas.
Eduardo;
Acontece que eles adoram ofender símbolos religiosos alheios. Eu tenho aqui duas charges tiradas de um jornal iraniano, anteriores até a estes, onde a religião judaica é tratada com, hã, animosidade.
Mas nenhum judeu saiu queimando embaixada iraniana.
O problema não é o fato de não gostarmos das mulheres deles andarem cobertas e as nossas, peladas. As nossas, pelo menos, podem optar sobre o que vestir, as deles não.
Acontece que, onde os muçulmanos ganham poder, eles querem impor o modo de pensar deles. É o caso das charges.
Um diplomata Iraniano chegou a sugerir que a Dinamarca processasse o chargista pelo Crime de Blasf~emia, que não existe no Código penal Dinamarques. A mesma coisa quando condenaram à Morte Salman Rushdie porque ele publicou textos apócrifos do Alcorão, (como os manuscritos do mar morto para os cristãos). Ora, e efetivamente mataram o tradutor do livro de Rushdie na Noruega.
Nós temos democracia, e eles não suportam isso.
E efetivamente atacam e matam pessoas, não pelo fato isolado de mulheres seminuas, mas pelo fato de sermos ocidentais. Khadafi, Khomeini, Saddam, Arafat, Idi Amin, bin Laden..... todos têm a sua cota de sangue contra "os decadentes ocidentais infiéis".
Sim temos o direito de sacanear qualquer dos nossos deuses, e não se intimidar contra quem quer nos impedir disso.
Para mim, é como se indianos protestassem na embaixada brasileira porque somos devoradores do Deus Vaca.
Pois é, cara. Eles mexem com nossos símbolos e nós não ligamos (ou pelo menos não fazemos escândalo por causa disso). O contrário não é verdadeiro.
Eles não suportam a democracia e o Ocidente é quase todo democrático.
Diante da incompatibilidade entre as duas "civilizações", porque a gente aqui não pára de projetar nossos direitos inalienáveis sobre eles?
Eles não aceitam nem vão aceitar nunca o fato de que por aqui o povo pode fazer desenho de símbolos sagrados.
Porque a gente não manda eles tomarem no cu e esquece que eles existem?
Abraço!
É uma boa solução, porém não é a mais sensata.
Porque, Robão?
ora eduardo. Se desenhando eles fazem esse auê, imaginem se mandarmos eles praticarem o mortal vício da sodomia, como vc sugere?
Dudu, primeiro vou contextualizar meu comentário. Ele é referente a frase acima de Edgar " Porque a gente não manda eles tomarem no cu e esquece que eles existem? "
Realmente seria uma boa solução, entretanto mandar eles tomarem no cu só, pouco adiantaria. Foi nesse sentido. Quanto às Charges, acho que os autores das charges, têm que arcar com as consequências, é como você disse, talvez por uma questão de bom senso, deveriam se reservar, mas se acham que fizeram o correto, que colham os frutos com coragem. Eu não estou nem ai, estou preocupado mesmo é com a Copa.
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