Crítica: "Closer - Perto Demais"
Antes do filme em si, um breve comentário sobre as novas salas do Cinemark, no Pátio Savassi em Belo Horizonte: nunca tinha visto nada igual, na verdade, nem sabia que existia. Parecem mais estádios de futebol de tão grandes. A menor comporta 192 espectadores. A maior, incríveis 377! A tela deve medir uns 8 metros de altura por uns 12 de comprimento. O som é perfeito, alto o suficiente para quase abafar o ininterrupto som do público irrequieto e das pipocas sendo retiradas de seus também gigantescos sacos. As cadeiras são excelentes, muito embora um pouco perto demais umas das outras. Ainda não tenho certeza se toda essa grandeza é algo bom ou ruim, mas, com certeza, faz muita diferença.
Bom filme, sim, esse "Closer". Não tanto quanto o alardeado (cheguei a ler críticas classificando-o como melhor filme americano dos últimos anos), mas um tanto quanto diferente das obras hollywoodianas normais e de resultado final, em média, excelente.
A trama gira em torno de dois casais, Dan e Alice e Anna e Larry, ambos unidos por acaso, mas em circunstâncias diferentes. Os dois primeiros se vêem no meio da multidão e, distraída pela visão de Dan, Alice, recém chegada dos Estados Unidos, onde trabalhava como stripper, sofre um atropelamento sem maiores consequências. Os outros dois se conhecem através de um mal-entendido num bate-papo na internet. Esta é, por sinal, uma das melhores sequências do filme, filmada praticamente em tempo real e sem medo de se estender demais. No decorrer da história, obviamente, os casais se invertem, também em diferentes situações.
O ponto do diretor Mike Nichols, até onde este conseguiu me atingir, é a investigação do papel da franqueza e da busca da verdade nos relacionamentos, calcados muito mais no egocentrismo de cada um dos envolvidos que na lógica, ainda que distorcida, do amor. Não é de se espantar, portanto, que o principal veículo de comunicação, aqui, sejam os diálogos e estes variam bastante em qualidade.
Se, de um lado, tem-se maravilhas como o momento da separação de Alice e Dan e a conversa entre este último e Larry quase no final do filme, por outro, há passagens bastante fracas, como um dos primeiros momentos entre Dan e Alice, num ônibus. Todos os diálogos do filme, têm, por melhores que sejam, uma irritante característica em comum: o ritmo frenético em que ocorrem. Os personagens parecem máquinas de dar respostas desconcertantes uns nos outros, se assemelhando bastante com os do extinto seriado adolescente "Dawson´s Creek".
A sinceridade das palavras é dilacerante. Quando Anna comunica a Larry que o está deixando para ficar com Dan, o marido inicia uma série de perguntas sobre como, onde, quando e quão bom é o sexo entre os dois. "E aqui neste sofá? E aqui na cozinha? Ele é melhor que eu?". Na mesma linha, Dan, ao romper com Alice, diz a esta que a está deixando porque acha que vai ser mais feliz com a outra. Em tempos de busca incessante por verdade e franqueza, uma prova de que as coisas não são bem assim e que nem tudo pode ou deve ser dito.
A narrativa, seguindo uma tendência que começa a ser banalizada, não é totalmente linear. Os acontecimentos se dão em saltos e, por vezes, demora um pouco até que o espectador se situe no tempo e no espaço. Nesse caso, no entanto, o recurso é bem utilizado e achei que ocorre até que de forma bem natural.
Jude Law tem boa atuação no papel do homem fraco e indeciso. O aclamado inglês Clive Owen não está tão bem, recorrendo, na minha opinião a alguns clichês interpretativos, com destaque para um olhar bastante forçado. Julia Roberts, mais uma vez, não apresenta brilho algum, fato reforçado por seu personagem, sem dúvidas, a mais fraca dos quatro. Quem rouba a cena totalmente é Natalie Portman, deslumbrante. Quem a viu encarnando a sem sal Senadora Amidala nos episódios mais recentes de "Star Wars", mal a reconhece como a deliciosa Alice. Alternando a fragilidade com o poder das grandes mulheres, ela oferece uma grande interpretação, de encher os olhos. Lógico que nada disso chamaria tanta atenção não fosse a exuberância da atriz, ao menos não de um ponto de vista masculino.
Uma das melhores opções em cartaz atualmente, "Closer" merece ser visto, até porque tive a sensação de que comporta mais de uma leitura. Qualquer que seja, no entanto, desconfio que não será nada gloriosa.
Bom filme, sim, esse "Closer". Não tanto quanto o alardeado (cheguei a ler críticas classificando-o como melhor filme americano dos últimos anos), mas um tanto quanto diferente das obras hollywoodianas normais e de resultado final, em média, excelente.
A trama gira em torno de dois casais, Dan e Alice e Anna e Larry, ambos unidos por acaso, mas em circunstâncias diferentes. Os dois primeiros se vêem no meio da multidão e, distraída pela visão de Dan, Alice, recém chegada dos Estados Unidos, onde trabalhava como stripper, sofre um atropelamento sem maiores consequências. Os outros dois se conhecem através de um mal-entendido num bate-papo na internet. Esta é, por sinal, uma das melhores sequências do filme, filmada praticamente em tempo real e sem medo de se estender demais. No decorrer da história, obviamente, os casais se invertem, também em diferentes situações.
O ponto do diretor Mike Nichols, até onde este conseguiu me atingir, é a investigação do papel da franqueza e da busca da verdade nos relacionamentos, calcados muito mais no egocentrismo de cada um dos envolvidos que na lógica, ainda que distorcida, do amor. Não é de se espantar, portanto, que o principal veículo de comunicação, aqui, sejam os diálogos e estes variam bastante em qualidade.
Se, de um lado, tem-se maravilhas como o momento da separação de Alice e Dan e a conversa entre este último e Larry quase no final do filme, por outro, há passagens bastante fracas, como um dos primeiros momentos entre Dan e Alice, num ônibus. Todos os diálogos do filme, têm, por melhores que sejam, uma irritante característica em comum: o ritmo frenético em que ocorrem. Os personagens parecem máquinas de dar respostas desconcertantes uns nos outros, se assemelhando bastante com os do extinto seriado adolescente "Dawson´s Creek".
A sinceridade das palavras é dilacerante. Quando Anna comunica a Larry que o está deixando para ficar com Dan, o marido inicia uma série de perguntas sobre como, onde, quando e quão bom é o sexo entre os dois. "E aqui neste sofá? E aqui na cozinha? Ele é melhor que eu?". Na mesma linha, Dan, ao romper com Alice, diz a esta que a está deixando porque acha que vai ser mais feliz com a outra. Em tempos de busca incessante por verdade e franqueza, uma prova de que as coisas não são bem assim e que nem tudo pode ou deve ser dito.
A narrativa, seguindo uma tendência que começa a ser banalizada, não é totalmente linear. Os acontecimentos se dão em saltos e, por vezes, demora um pouco até que o espectador se situe no tempo e no espaço. Nesse caso, no entanto, o recurso é bem utilizado e achei que ocorre até que de forma bem natural.
Jude Law tem boa atuação no papel do homem fraco e indeciso. O aclamado inglês Clive Owen não está tão bem, recorrendo, na minha opinião a alguns clichês interpretativos, com destaque para um olhar bastante forçado. Julia Roberts, mais uma vez, não apresenta brilho algum, fato reforçado por seu personagem, sem dúvidas, a mais fraca dos quatro. Quem rouba a cena totalmente é Natalie Portman, deslumbrante. Quem a viu encarnando a sem sal Senadora Amidala nos episódios mais recentes de "Star Wars", mal a reconhece como a deliciosa Alice. Alternando a fragilidade com o poder das grandes mulheres, ela oferece uma grande interpretação, de encher os olhos. Lógico que nada disso chamaria tanta atenção não fosse a exuberância da atriz, ao menos não de um ponto de vista masculino.
Uma das melhores opções em cartaz atualmente, "Closer" merece ser visto, até porque tive a sensação de que comporta mais de uma leitura. Qualquer que seja, no entanto, desconfio que não será nada gloriosa.
Filme visto no Cinemark, Belo Horizonte, a 27 de Janeiro de 2005
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