Crítica: "Edukators"
Aparentemente, nada mais anacrônico que idealismos. Numa época em que todos pensam que tudo já foi feito, pensamentos e atitudes socialmente revolucionárias parecem destinados ao escárnio. Este filme alemão prova que outro mundo é possível. Se não para as utopias, ao menos para a visão que se tem delas.
Os Educadores. Esse é o nome do movimento anarquista fundado e exclusivamente integrado por Jan e Peter, amigos de longa data. Os dois rapazes invadem mansões, bagunçam totalmente os móveis e deixam mensagens do tipo "Você tem dinheiro demais" ao dono. Nunca roubam nem machucam ninguém. Pretendem, com isso, gerar uma sensação de insegurança nos magnatas, que julgam responsáveis por todos os males da Humanidade. Durante uma viagem de Peter, sua namorada, Jule, e Jan invadem a casa de um antigo credor da garota, que esquece seu celular no interior do gigantesco imóvel. Ao perceber o ocorrido, os dois voltam ao local, mas acabam encontrando o dono, voltando de uma viagem. A única saída para os dois (e para Peter, que também se envolve no ocorrido) é sequestrar o velho, fugindo com ele para uma casa nas montanhas, pertencente a um parente de Jule. É quando o filme começa de verdade.
Como não pretendem causar nenhum dano a Hardenberg, os três começam a se envolver com o executivo. O relacionamento entre os jovens e o velho evolui gradativamente da hostilidade até a incompleta integração deste.
O conflito entre os dois universos é explorado de forma magistral pelo diretor Hans Weingartner, até então desconhecido para mim. O que tinha tudo para ser tratado de forma simplória e idiotizante, resulta em passagens memoráveis. Não que as discussões sejam produtivas ou cheguem a alguma conclusão irrefutável. Os argumentos fracos e velhos continuam lá. De um lado, "as crianças do Sudeste asiático, que trabalham praticamente como escravas, para que pessoas como você tenham carros de centenas de milhares de euros". De outro, "um sistema que dá oportunidades iguais para todos e que premia aqueles que mais se esforçam". Para cada "você poderia tirar a fome de mil pessoas nesse exato momento", há um "eu paguei por tudo o que tenho". E, como na vida real, o debate não avança, simplesmente porque não deveria nem começar.
Sem, em nenhum momento, apelar para fáceis ironias, o filme mostra os dois grupos gradualmente percebendo que há muito mais no outro do que poderiam imaginar. O momento em que Hardenberg revela que foi líder de um grupo revolucionário em 68 parece ser a pá de cal nos idealismos dos jovens (re) educadores. Aquele parece ser também o destino não só dos três, como de todos os revolucionários. Mas o próprio executivo vai, aos poucos, respeitando os pensamentos dos outros e percebendo que eles estão muito mais certos do que queria fazer crer.
O triângulo amoroso (sempre ele!) entre os jovens faz-se valer, nem que seja por um momento. A cena da reconciliação entre Jan e Peter é estranhamente profunda, no que pese a banalidade dos atos dos dois. Sem usar de recursos como trilha sonora apelativa ou palavras sentimentalóides, conseguiu-se criar um momento marcante no filme. Legal mesmo!
O final não teve em mim o impacto desejado pelo diretor. Acredito que a história tenha, num determinado momento, tomado um rumo diferente do imaginado e o modo como o filme encerra seja uma forma de corrigir um pouco isso. Ou não. O fato é que o filme já tinha assentado na minha cabeça e a reviravolta curta, mas total, das últimas cenas, simplesmente não mudou minhas idéias.
Confesso que não entendi o porquê do título da versão em português, simples transcrição do inglês, que, por sua vez, não é tradução do original. Já que, em nenhum momento, aparece o nome edukators (mas sim, o provável equivalente em alemão), porque não colocaram "Os Educadores"? Ou, se a intenção era causar algum impacto fonético, "Os Edukadores"? Na verdade, acho que títulos de filmes não deveriam ser traduzidos, assim como não o são os nomes de discos e músicas em outras línguas. Mas isso é assunto para outra ocasião...
Desconfio de que o fato de um dos atores principais (Daniel Bruhl, que interpreta Jan) ser também o protagonista do outro grande sucesso recente do cinema alemão, "Adeus, Lênin", não seja exatamente um bom sinal. Mas, a julgar pela qualidade destes dois blockbusters, o país é hoje um dos melhores centros de produção da sétima arte, fazendo jus a toda sua história. Espero mais oportunidades para assistir filmes de menor sucesso comercial. Enquanto aplaudo de pé o que vi até agora.
Os Educadores. Esse é o nome do movimento anarquista fundado e exclusivamente integrado por Jan e Peter, amigos de longa data. Os dois rapazes invadem mansões, bagunçam totalmente os móveis e deixam mensagens do tipo "Você tem dinheiro demais" ao dono. Nunca roubam nem machucam ninguém. Pretendem, com isso, gerar uma sensação de insegurança nos magnatas, que julgam responsáveis por todos os males da Humanidade. Durante uma viagem de Peter, sua namorada, Jule, e Jan invadem a casa de um antigo credor da garota, que esquece seu celular no interior do gigantesco imóvel. Ao perceber o ocorrido, os dois voltam ao local, mas acabam encontrando o dono, voltando de uma viagem. A única saída para os dois (e para Peter, que também se envolve no ocorrido) é sequestrar o velho, fugindo com ele para uma casa nas montanhas, pertencente a um parente de Jule. É quando o filme começa de verdade.
Como não pretendem causar nenhum dano a Hardenberg, os três começam a se envolver com o executivo. O relacionamento entre os jovens e o velho evolui gradativamente da hostilidade até a incompleta integração deste.
O conflito entre os dois universos é explorado de forma magistral pelo diretor Hans Weingartner, até então desconhecido para mim. O que tinha tudo para ser tratado de forma simplória e idiotizante, resulta em passagens memoráveis. Não que as discussões sejam produtivas ou cheguem a alguma conclusão irrefutável. Os argumentos fracos e velhos continuam lá. De um lado, "as crianças do Sudeste asiático, que trabalham praticamente como escravas, para que pessoas como você tenham carros de centenas de milhares de euros". De outro, "um sistema que dá oportunidades iguais para todos e que premia aqueles que mais se esforçam". Para cada "você poderia tirar a fome de mil pessoas nesse exato momento", há um "eu paguei por tudo o que tenho". E, como na vida real, o debate não avança, simplesmente porque não deveria nem começar.
Sem, em nenhum momento, apelar para fáceis ironias, o filme mostra os dois grupos gradualmente percebendo que há muito mais no outro do que poderiam imaginar. O momento em que Hardenberg revela que foi líder de um grupo revolucionário em 68 parece ser a pá de cal nos idealismos dos jovens (re) educadores. Aquele parece ser também o destino não só dos três, como de todos os revolucionários. Mas o próprio executivo vai, aos poucos, respeitando os pensamentos dos outros e percebendo que eles estão muito mais certos do que queria fazer crer.
O triângulo amoroso (sempre ele!) entre os jovens faz-se valer, nem que seja por um momento. A cena da reconciliação entre Jan e Peter é estranhamente profunda, no que pese a banalidade dos atos dos dois. Sem usar de recursos como trilha sonora apelativa ou palavras sentimentalóides, conseguiu-se criar um momento marcante no filme. Legal mesmo!
O final não teve em mim o impacto desejado pelo diretor. Acredito que a história tenha, num determinado momento, tomado um rumo diferente do imaginado e o modo como o filme encerra seja uma forma de corrigir um pouco isso. Ou não. O fato é que o filme já tinha assentado na minha cabeça e a reviravolta curta, mas total, das últimas cenas, simplesmente não mudou minhas idéias.
Confesso que não entendi o porquê do título da versão em português, simples transcrição do inglês, que, por sua vez, não é tradução do original. Já que, em nenhum momento, aparece o nome edukators (mas sim, o provável equivalente em alemão), porque não colocaram "Os Educadores"? Ou, se a intenção era causar algum impacto fonético, "Os Edukadores"? Na verdade, acho que títulos de filmes não deveriam ser traduzidos, assim como não o são os nomes de discos e músicas em outras línguas. Mas isso é assunto para outra ocasião...
Desconfio de que o fato de um dos atores principais (Daniel Bruhl, que interpreta Jan) ser também o protagonista do outro grande sucesso recente do cinema alemão, "Adeus, Lênin", não seja exatamente um bom sinal. Mas, a julgar pela qualidade destes dois blockbusters, o país é hoje um dos melhores centros de produção da sétima arte, fazendo jus a toda sua história. Espero mais oportunidades para assistir filmes de menor sucesso comercial. Enquanto aplaudo de pé o que vi até agora.
Filme visto no Belas Artes, Belo Horizonte, a 18 de Janeiro de 2005
3 Comentários:
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
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